sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Na Lupa Sexta 03/12/23, Blog do Edney


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Por Edney Souto


A GUERRA DOS GOMES, CIRO X CID DA DISPUTA POLÍTICA ATÉ A DISPUTA FAMILIAR

A crise no seio do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Ceará atingiu um ponto de ebulição preocupante, revelando uma divisão profunda entre suas principais figuras. O cerne do desentendimento reside na aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT), que não é apenas uma questão política, mas também uma cisão familiar entre os irmãos Ciro e Cid Gomes. Este artigo busca analisar em detalhes o contexto, os protagonistas e as possíveis implicações desta crise interna que sacode os alicerces do PDT cearense.


APICE - A guerra interna no Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Ceará atinge seu auge com a disputa entre os ex-ministros Ciro Gomes e seu irmão, o senador Cid Gomes. A contenda já resultou na saída de 12 políticos da sigla desde as eleições do ano passado.
A situação se agravou na última sexta-feira, quando os irmãos protagonizaram uma discussão acalorada durante um evento do partido, com troca de gritos e acusações. Diante do impasse, o senador Cid Gomes e seu irmão, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, não descartam a possibilidade de desfiliação.
Até o momento, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) demonstrou interesse em receber Cid e seu grupo, mas ainda não formalizou o convite. O senador convocou uma reunião do diretório estadual para o dia 9, visando discutir coletivamente a situação do partido.

RAÍZES HISTÓRICAS - O PDT, com sua raiz histórica em figuras como Leonel Brizola, consolidou sua influência no Ceará com a entrada dos irmãos Ciro e Cid Gomes em 2015. A partir desse momento, o partido vivenciou um crescimento eleitoral notável, conquistando um número significativo de prefeituras em 2016 e expandindo ainda mais em 2020. No entanto, divergências quanto à aliança com o PT no estado deram origem a uma divisão interna, transformando uma disputa partidária em um verdadeiro conflito entre membros de uma mesma família.

DESENTENDIMENTOS - O ponto crucial desta crise foi a sensação de traição vivenciada por Ciro Gomes, que se sentiu abandonado por seu próprio irmão durante o último pleito presidencial. A falta de apoio de Cid a Roberto Cláudio, candidato escolhido por Ciro para o governo do Ceará, acentuou as tensões. A acusação de "traição" feita por Ciro contra Cid levou a uma ruptura irreparável entre os dois líderes do partido, colocando em xeque não só o futuro do PDT no estado, mas também as relações pessoais entre os irmãos.

INTERVENÇÃO ESTADUAL - A reunião tumultuada da Executiva Nacional do PDT culminou na aprovação de uma intervenção no diretório estadual do Ceará, formalizando o afastamento de Cid Gomes do comando local. Esta decisão intensificou ainda mais a crise interna, deixando em aberto a nomeação de uma nova direção. O partido agora se encontra em um momento crucial de redefinição, no qual o futuro político do Ceará está em jogo.

PERSPECTIVAS E RISCOS ELEITORAIS - A crise no PDT cearense levanta a preocupação de uma possível debandada de prefeitos do partido antes das eleições de 2024. O presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, tentou articular uma adesão ao governo petista no Ceará, visando agradar tanto a Cid quanto aos prefeitos do interior. No entanto, desconfianças mútuas impediram a aceitação dessa proposta, deixando o futuro do partido no estado em suspenso e criando um cenário de incertezas eleitorais.

RACHA - A disputa interna no PDT cearense vai muito além das simples divergências políticas, refletindo um profundo racha familiar entre os irmãos Gomes. As consequências desse conflito podem ter um impacto duradouro no cenário político local e na trajetória do partido como um todo. Resta aguardar para ver como essa crise se desdobrará e quais serão os desdobramentos para o PDT no Ceará, uma vez que o futuro político do estado está suspenso em um delicado equilíbrio.

DEBANDADA - A ala liderada por Cid conta atualmente com pelo menos dez deputados estaduais, cinco federais e mais de 25 prefeitos. Durante o ano de conflitos entre Ciro e Cid, dez prefeitos deixaram o PDT para se aliar ao Partido dos Trabalhadores (PT).

RESOLUÇÃO - Em resposta ao movimento de Cid, a direção nacional do PDT, alinhada com Ciro, emitiu uma resolução que torna mais difícil a concessão de anuências para desfiliação, especialmente para os parlamentares eleitos no último pleito. A próxima janela partidária está prevista para 2026, tornando essas permissões cruciais para manterem seus mandatos.
A resolução destaca que o filiado eleito pelo PDT reconhece que o mandato pertence ao partido, exigindo lealdade, fidelidade e disciplina. A liberação de desfiliações fica restrita ao diretório nacional, e descumprimentos serão considerados nulos.

RESPOSTA - Essa medida também é uma resposta ao grupo de Cid, que recentemente autorizou a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa cearense, Evandro Leitão, gerando uma disputa judicial entre as facções. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) decidiu, por unanimidade, a favor da saída de Leitão, e a ala de Ciro planeja recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A saída iminente de Evandro Leitão do PDT pode abrir espaço para sua candidatura à prefeitura de Fortaleza, desafiando o atual prefeito, José Sarto, que é visto como rival de Cid. Dentro do partido, aliados de Ciro concordaram com a reeleição de José Sarto, o que poderia levar Leitão a considerar convites do PT e do PSB.

CONSEQUÊNCIAS - Filiados argumentam que a resolução não afetará apenas os aliados de Cid, já que o grupo de Ciro também enfrenta desgastes devido às crises. A contenda entre os irmãos teve início quando seus grupos divergiram sobre o candidato a governador. Enquanto a ala de Cid apoiava a ex-governadora Izolda Cela, aliados de Ciro optaram por Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, que acabou em terceiro lugar na disputa. Este movimento desagradou a facção de Cid, que se aproximou do atual governador Elmano de Freitas (PT) com o apoio de dez prefeitos.

RESUMINDO AINDA VAI RENDER - O encontro no Rio ocorreu após uma queda de braço travada entre André Figueiredo e o senador Cid Gomes. Com o aval de Ciro, Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, que acabou reestabelecida via liminar.
Após a retomada, Cid convocou novas eleições locais e foi eleito presidente estadual. Horas depois, contudo, com outro acionamento judicial, o grupo de Ciro Gomes o retirou do posto, e o comando cearense voltou às mãos de Figueiredo.
As divergências entre os grupos do senador e do ex-presidenciável ocorrem desde o ano passado e circundam o mesmo tema: o apoio ao PT. Assim como fez no segundo turno das eleições, a ala de Cid defende que o partido retome a aliança e seja base do governador Elmano de Freitas, enquanto os ciristas preferem que a sigla fique na oposição. Aguardemos os próximos capítulos! É isso aí!


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