sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Na Lupa Sexta 05/01/24, Blog do Edney

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NA LUPA 🔎 


Por Edney Souto


HUMBERTO COSTA É O CENTRO DA AMBIGUIDADE DO PT NO CENÁRIO PERNAMBUCANO 

O cenário político em Pernambuco tem sido palco de intensos debates e intrincadas relações no seio do Partido dos Trabalhadores (PT). No epicentro dessa agitação, encontra-se o senador Humberto Costa, figura de destaque que tem influenciado consideravelmente o curso das dinâmicas partidárias.
A política é arte de muitas coisas; já se disse que é “a arte do possível”. Ao possível se chega por vários caminhos. Um deles é pela pista de mão-dupla da ambiguidade. Políticos experientes embrenham-se por veredas e delas fazem o seu território. Eles são encantadores de serpentes; invariavelmente, concordam com interlocutores, que se iludem saber o que de fato, pensam. São ouvidos e sorrisos enigmáticos. Vargas ganhou o apelido de “Jeitúlio”; “deixar no ar” era sua arte.
Ao compor governos, essa tendência se acentua. Decidir como alocar forças políticas distintas e distribuir cargos cobiçados requer sagacidade, silêncios e ambiguidade ainda mais profundos. Onde o conflito é sempre intenso e o tiroteio sob chumbo mais cerrado, a área econômica, o ritmo é ainda mais cuidadoso. Todos torcem por retirar do eleito seu maior quinhão, fazer valer sua visão. Invariavelmente, o eleito é um “campo em disputa”.
Quando o custo de escolher é muito elevado, melhor pechinchar e “levar os dois para casa”. Política é disputa e temperança; conciliar, encontrar meios-termos. É a ambiguidade. Com voluntarismo, Fernando Collor, Dilma Roussef e Jair Bolsonaro recusaram-se a isso. Cada um a seu modo tinha sua bala de prata, seus princípios ou seu Posto Ipiranga. Deu no que deu. Humberto leva seu PT de forma diferente. Vamos lá!
SEM DIRECIONAMENTO - À medida que ostenta posições-chave dentro do PT, Humberto Costa não apenas representa uma liderança de peso, mas também se torna alvo de críticas internas pela forma como tem conduzido alianças e relações políticas, sobretudo no que concerne às negociações com o PSB, representado pelo prefeito do Recife, João Campos, e à governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, do PSDB.
DICOTOMIA - A resolução emitida pela executiva estadual do PT, delineando a postura de oposição ao Palácio do Campo das Princesas, confronta diretamente com as movimentações de Humberto Costa, evidenciando uma dicotomia entre o discurso partidário e as ações práticas da sigla.
NO MURO - O embate entre a vontade da maioria e as direções adotadas pelo senador coloca em xeque não apenas a autonomia de liderança, mas também questiona a harmonia interna do partido, impactando diretamente na base militante, que se vê distante das decisões tomadas no alto escalão.
AMBIGUIDADE - A busca incessante de reaproximação com a gestão do Governo de Pernambuco, expressa no incremento de encontros entre representantes petistas e membros do governo, juntamente com as articulações visando ocupar a vaga de vice na pré-candidatura de João Campos à reeleição, suscita reflexões sobre os limites éticos e estratégicos do jogo político.
QUERENDO OS DOIS LADOS - É notório que a estratégia de agradar a dois campos antagônicos pode desestabilizar a posição do PT no estado, tensionando os vínculos já frágeis com sua base ideológica e potencialmente minando a coesão partidária.
INCÓGNITA - Assim, a incógnita que paira sobre até quando esse equilíbrio precário será sustentado por Humberto Costa não apenas desafia as estruturas do PT em Pernambuco, mas também alimenta o debate sobre os limites e as consequências de suas decisões políticas.
PAIRAM DIVERGÊNCIAS - No cerne dessa controvérsia, reside a necessidade premente de o PT reconciliar as divergências internas, reavaliar suas prioridades e reafirmar seu posicionamento ideológico, reforçando a conexão com sua base militante para evitar fragmentações prejudiciais ao seu futuro político.
UM DESAFIO - A política, reza a sabedoria popular, é uma arte de delicados equilíbrios. Porém, a linha tênue entre a construção de alianças estratégicas e a manutenção da integridade ideológica do Partido dos Trabalhadores (PT) parece desafiadoramente esticada pela postura de Humberto Costa. Ao tentar servir a dois senhores – ou, mais precisamente, a dois grupos antagônicos –, o senador arrisca o partido em um território nebuloso, entre a oposição e a simpatia com governos opostos.
DOIS SENHORES - No entanto, como já se disse, ninguém pode servir a dois senhores sem incorrer em conflitos e desgastes. O PT, historicamente associado a lutas e bandeiras progressistas, vê-se agora em um limbo, uma ambiguidade que, longe de fortalecer, tende a enfraquecer sua posição política.
RISCOS - A trajetória de Humberto Costa e suas articulações políticas devem servir como um sinal de alerta para o partido. É preciso buscar um caminho coeso, que não sacrifique os valores e a identidade partidária em prol de alianças meramente estratégicas. O muro onde o senador parece se equilibrar pode representar não apenas um impasse político, mas um risco de alienação da base e um comprometimento da própria essência do partido.
CONSEQUÊNCIA - Neste contexto, cabe ao PT repensar suas estratégias, reafirmar seus princípios e reconectar-se com sua base, encontrando um terreno sólido que honre suas origens e simultaneamente permita o diálogo e a construção de alianças coerentes com sua ideologia. Pois, como bem pontuado, tentar agradar a dois campos antagônicos, no final das contas, pode resultar em desencanto de ambos. É isso aí!

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