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NA LUPA 🔎
Por Edney Souto
Nos últimos anos, o Brasil tem sido palco de intensos debates e análises sobre a estabilidade democrática e a possibilidade de retrocessos autoritários. A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha revelou nuances intrigantes na percepção dos brasileiros em relação a esse tema crucial. Com uma amostra representativa de 2.022 pessoas em 147 cidades, os resultados oferecem insights valiosos sobre a complexa dinâmica política do país.
Destaca-se que 53% dos eleitores não veem possibilidade da volta da ditadura, o que representa o maior índice registrado desde que a série histórica começou há uma década. Esse dado, embora positivo, não pode ser interpretado como complacência, mas sim como um reflexo da maturidade democrática adquirida ao longo do tempo. Por outro lado, os 20% que ainda acreditam nessa possibilidade e os 22% que veem um pouco de risco de retrocesso democrático alertam para a necessidade contínua de vigilância e defesa das instituições democráticas.
É interessante notar a evolução desses números ao longo dos anos. Na pesquisa anterior, realizada em agosto de 2022, 49% dos entrevistados viam a impossibilidade de uma nova ditadura, enquanto 25% percebiam pouco risco e os mesmos 20% expressavam um risco definitivo. Essa mudança sugere uma maior confiança na estabilidade democrática, mesmo em meio a um cenário político conturbado, marcado por polarização e tensões institucionais.
O contexto político em que essas percepções são moldadas não pode ser ignorado. Durante a campanha eleitoral de 2022, a polarização atingiu níveis alarmantes, com ataques ao sistema eleitoral e especulações sobre a possibilidade de golpes. As investigações da Polícia Federal sobre uma suposta trama para manter o então presidente no poder após a derrota eleitoral apenas amplificaram essas preocupações. Esse cenário tumultuado, embora desafiador, também serve como um teste crucial para a resiliência das instituições democráticas brasileiras.
Além disso, a análise dos dados por filiação política revela padrões interessantes. Os eleitores identificados como bolsonaristas tendem a perceber um maior risco de retorno à ditadura, enquanto os simpatizantes do PT mostram maior ceticismo em relação a essa possibilidade. Essa divergência de percepções ressalta a influência das preferências políticas na interpretação dos eventos e na formação de opinião.
Diante desse panorama, torna-se evidente a importância de um engajamento cívico contínuo e de um fortalecimento das instituições democráticas. A história do Brasil é marcada por períodos de autoritarismo e resistência, e a preservação da democracia requer um esforço coletivo e constante. Somente assim poderemos garantir um futuro onde a liberdade e a justiça sejam as bases sólidas de nossa sociedade. É isso!
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