A cidade de Serrita, no sertão pernambucano, está sendo palco de um acalorado debate devido a um novo projeto de lei proposto pelo Poder Executivo local, que visa redefinir a estrutura de um dos eventos mais emblemáticos da região: a Missa do Vaqueiro. O Projeto de Lei n° 016/2024, que começou a ser discutido na Câmara de Vereadores nesta terça-feira, 25 de junho, propõe a divisão do evento em duas partes distintas, criando a "Festa do Jacó" para abrigar as atividades profanas que antecedem a celebração religiosa.
Segundo o texto do projeto, a "Festa do Jacó" será reconhecida como patrimônio cultural e imaterial do povo serritense. Esta nova festa englobará apresentações artísticas e culturais, shows, vaquejadas, pegas de boi e quaisquer outras manifestações que ocorrem antes da Missa do Vaqueiro. O Art. 1° do projeto deixa claro que estas festividades serão realizadas no final de semana que antecede a missa, e a organização ficará sob a responsabilidade da prefeitura. Além disso, o Art. 2° permite que o Poder Executivo formalize convênios e parcerias com entidades e instituições, tanto públicas quanto privadas, para viabilizar a realização do evento.
A proposta, no entanto, não passou sem gerar controvérsia. A divisão da tradicional Missa do Vaqueiro em duas partes distintas tem dividido opiniões entre os moradores de Serrita. Alguns acreditam que a separação pode descaracterizar o evento original, que há décadas é uma celebração única que mistura fé e cultura popular. Outros veem a iniciativa como uma forma de organizar melhor o evento, destacando os aspectos culturais e festivos da celebração.
Durante a sessão na Câmara de Vereadores, Carlos Peixoto, secretário de Cultura de Serrita, defendeu a proposta e assegurou que a Missa do Vaqueiro continuará intacta e com o mesmo nome. "A missa não vai deixar de existir, o nome não vai deixar de existir. A Missa do Vaqueiro, ela é sim patrimônio nosso", afirmou Peixoto, tentando tranquilizar os críticos do projeto.
Apesar dos esclarecimentos do secretário, a votação do projeto foi adiada após um pedido de vista, indicando que o debate ainda está longe de ser encerrado. A discussão em torno da "Festa do Jacó" levanta questões sobre identidade cultural e a preservação das tradições locais, sendo um exemplo de como mudanças administrativas podem afetar profundamente a percepção e a vivência das comunidades.
Enquanto o impasse não se resolve, o futuro da Missa do Vaqueiro e da recém-proposta Festa do Jacó permanece incerto. Resta saber se a Câmara de Vereadores aprovará o projeto em sua forma atual ou se ajustes serão feitos para atender às demandas e preocupações da população. De qualquer forma, o debate promete continuar aquecido, refletindo a importância deste evento para a cultura e a identidade de Serrita.
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