NA LUPA 🔎
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Por Edney Souto
MAIS DE 1 MILHÃO DE PERNAMBUCANOS VIVEM EM RISCO CONSTANTE DE CHEIAS E DESLIZAMENTOS
Um estudo alarmante divulgado pelo Governo Federal e trouxe à tona a vulnerabilidade climática de Pernambuco. Segundo o levantamento, cerca de 1 milhão e 50 mil pernambucanos – representando 11,6% da população do estado – vivem em áreas suscetíveis a cheias e deslizamentos. Este cenário coloca Pernambuco como o terceiro estado brasileiro com a maior proporção de pessoas em áreas de risco, superado apenas pela Bahia (17,3%) e Espírito Santo (13,8%).
Recife: A Capital Sob Ameaça
Recife, a capital pernambucana, é uma das cidades mais afetadas pelo risco climático. Com mais de 206 mil pessoas, ou 13,8% de sua população, vivendo em áreas vulneráveis, a cidade se destaca negativamente no cenário nacional e mundial. Especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já haviam alertado para a vulnerabilidade extrema do Recife, classificando-a como a cidade brasileira mais suscetível às mudanças climáticas e a 16ª mais vulnerável do mundo.
A localização geográfica de Recife, associada à densidade populacional e à precariedade de muitas moradias, contribui para esta situação crítica. As margens dos rios que cortam a cidade estão repletas de habitações precárias, muitas vezes construídas sem planejamento adequado e sem infraestruturas de contenção contra cheias. Este fator torna as populações locais extremamente vulneráveis a eventos climáticos extremos.
Jaboatão dos Guararapes e Igarassu: Alarmantes Números de Vulnerabilidade
Jaboatão dos Guararapes é outra área metropolitana gravemente afetada, com 188 mil pessoas, ou 29,2% de sua população, vivendo em áreas de risco. Igarassu apresenta uma situação ainda mais crítica: 69,8 mil pessoas, correspondendo a 60,6% da população, estão expostas a cheias e deslizamentos. A combinação de topografia acidentada e infraestrutura inadequada aumenta significativamente o risco para essas comunidades.
Outras Áreas Metropolitanas em Risco
Olinda e Paulista, cidades vizinhas a Recife, também enfrentam altos índices de vulnerabilidade. Olinda possui 58,6 mil pessoas (16,7% da população) em áreas de risco, enquanto em Paulista, 41,7 mil habitantes (12,2%) estão vulneráveis. Em Camaragibe, 29 mil pessoas (19,6%) vivem sob ameaça de desastres naturais, e Caruaru, no Agreste, contabiliza 26,5 mil pessoas (7%) em risco.
Impacto das Cheias na Zona da Mata Sul
A Zona da Mata Sul de Pernambuco tem uma longa e trágica história de cheias devastadoras. Palmares, um dos municípios mais afetados, viu em 2017, 5 mil pessoas perderem suas casas para o Rio Una, enquanto outras 50 mil tiveram suas residências danificadas. Barreiros, com 20,5 mil pessoas (51,3% da população), e Palmares, com 16,5 mil (30,3%), são exemplos de cidades onde a vulnerabilidade é extrema.
Outros Municípios Vulneráveis na Mata Sul
Outros municípios na Mata Sul também enfrentam altos riscos. Em Catende, 10 mil pessoas (31,3%) estão em áreas de risco; em Ribeirão, 9,8 mil (29,2%); em Cortês, 6,9 mil (68%, a maior proporção do estado); em Gameleira, 5,3 mil (29%); em Rio Formoso, 3,3 mil (16,6%); em Maraial, 2,8 mil (29,9%); e em Joaquim Nabuco, 2,3 mil (17,4%). Estas cidades têm uma combinação de fatores geográficos e socioeconômicos que exacerbam sua vulnerabilidade a desastres naturais.
Vulnerabilidade no Agreste Pernambucano
No Agreste, municípios como Jurema e Xexéu apresentam situações preocupantes. Em Jurema, 7,9 mil pessoas (58% da população) estão vulneráveis a eventos climáticos extremos, enquanto em Xexéu, 5,6 mil pessoas (48%) enfrentam riscos semelhantes. A infraestrutura precária e a localização geográfica contribuem para a vulnerabilidade dessas comunidades.
Distribuição do Risco em Pernambuco
O estudo federal mapeou 106 dos 183 municípios pernambucanos como áreas suscetíveis a deslizamentos, enxurradas ou inundações. Isso representa 58% das cidades do estado, demonstrando a extensão do problema. A nota técnica do estudo destaca a necessidade de um monitoramento contínuo e atualizado dos dados, além da ampliação dos sistemas de alerta de inundações para prevenir tragédias.
Recomendações para Mitigação de Riscos
Para mitigar os riscos, o estudo sugere a implementação de várias intervenções de infraestrutura, priorizadas no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras incluem contenção de encostas, macrodrenagem, construção de barragens para regularização de vazões e controle de cheias, além de intervenções em cursos d’água.
A Questão Socioeconômica
O estudo destaca que a segregação sócio-territorial tem forçado as populações mais pobres a ocuparem áreas inadequadas, sujeitas a inundações e deslizamentos. Esta situação agrava a vulnerabilidade dessas comunidades, que muitas vezes carecem de recursos para investir em melhorias habitacionais e infraestrutura. Portanto, é fundamental que as ações governamentais sejam coordenadas e voltadas para a gestão de riscos e prevenção de desastres, com foco em políticas inclusivas que considerem as necessidades das populações mais vulneráveis.
Um Chamado à Ação
Em suma, o estudo revela uma situação crítica em Pernambuco, com mais de um milhão de pessoas vivendo sob a ameaça constante de desastres naturais. A implementação das recomendações propostas pode ser a chave para reduzir significativamente os riscos e mitigar os impactos das mudanças climáticas no estado. A proteção dessas populações vulneráveis deve ser uma prioridade urgente, exigindo ações coordenadas, investimentos em infraestrutura e políticas inclusivas que garantam a segurança e o bem-estar de todos os pernambucanos. É isso!
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