segunda-feira, 12 de agosto de 2024

MANO CADA VEZ MAIS AFASTADO DE BOLSONARO

O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), que se destacou como um dos principais cabos eleitorais de Jair Bolsonaro (PL) em Pernambuco durante as eleições de 2022, parece ter escolhido um novo rumo político. Apadrinhado por Anderson Ferreira (PL), ex-prefeito do município e figura proeminente na política local, Mano agora se vê em um dilema que pode definir seu futuro político e o do grupo que representa.

Durante as eleições de 2022, Mano Medeiros foi um fiel apoiador de Bolsonaro, que tentou, sem sucesso, a reeleição contra o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, após a derrota de Bolsonaro no segundo turno, o cenário político em Jaboatão começou a se reconfigurar. Pesquisas internas realizadas pelo grupo de Mano indicaram uma alta rejeição ao ex-presidente, especialmente em áreas estratégicas do município. Com a eleição municipal de 2024 se aproximando, Mano precisa avaliar suas alianças para garantir a renovação de seu mandato.

O afastamento de Bolsonaro, entretanto, tem gerado descontentamento entre os bolsonaristas. Dentro do contexto político de Jaboatão, a fidelidade ao ex-presidente ainda é uma marca forte, e qualquer desvio desse caminho pode trazer consequências inesperadas. Anderson Ferreira, mentor político de Mano, tem confiado no atual prefeito para manter o controle do grupo político Ferreira, que depende, em grande parte, da prefeitura para a manutenção de seus aliados em cargos comissionados.

A estratégia adotada por Mano Medeiros é arriscada. Com adversários políticos como Clarissa Tércio (PP), Daniel Alves (Avante) e Elias Gomes (PT) despontando como fortes concorrentes, a decisão de se afastar de Bolsonaro pode ter efeitos adversos. A possibilidade de derrota não apenas ameaça o mandato de Mano, mas também pode impactar diretamente o controle do Partido Liberal em Pernambuco. Gilson Machado Neto, aliado próximo de Bolsonaro e figura central do bolsonarismo no Nordeste, poderia capitalizar sobre um eventual fracasso de Mano e Anderson, assumindo o comando do PL no estado.

Os primeiros sinais de tensão dentro dessa nova dinâmica política já começaram a emergir. Durante a recente visita de Bolsonaro a Pernambuco, Mano Medeiros optou por não comparecer a um evento realizado em Jaboatão dos Guararapes, onde o ex-presidente esteve presente. Essa ausência notável gerou murmúrios nos bastidores, pois não houve qualquer justificativa oficial por parte do prefeito.

Adicionalmente, a convenção realizada pelo grupo de Mano no último mês de julho também revelou sinais de distanciamento. Nem a bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nem os deputados federais que compõem esse grupo foram convidados para o evento. Mais ainda, houve relatos de que o prefeito teria orientado, através de seus interlocutores, os comissionados a reagirem com vaias a qualquer menção ao nome de Bolsonaro. Esse comportamento ficou evidente durante um discurso do Coronel Meira (PL), conhecido defensor do ex-presidente.

Esses movimentos de Mano Medeiros indicam uma tentativa de se reposicionar no cenário político de Jaboatão, mas carregam consigo o risco de alienar uma parte significativa de seu eleitorado. A decisão de Mano de abandonar a figura de Bolsonaro, outrora seu principal aliado, representa um ponto de inflexão na sua trajetória política, com impactos que ainda estão por se revelar completamente.

Nenhum comentário: