Durante as eleições de 2022, Mano Medeiros foi um fiel apoiador de Bolsonaro, que tentou, sem sucesso, a reeleição contra o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, após a derrota de Bolsonaro no segundo turno, o cenário político em Jaboatão começou a se reconfigurar. Pesquisas internas realizadas pelo grupo de Mano indicaram uma alta rejeição ao ex-presidente, especialmente em áreas estratégicas do município. Com a eleição municipal de 2024 se aproximando, Mano precisa avaliar suas alianças para garantir a renovação de seu mandato.
O afastamento de Bolsonaro, entretanto, tem gerado descontentamento entre os bolsonaristas. Dentro do contexto político de Jaboatão, a fidelidade ao ex-presidente ainda é uma marca forte, e qualquer desvio desse caminho pode trazer consequências inesperadas. Anderson Ferreira, mentor político de Mano, tem confiado no atual prefeito para manter o controle do grupo político Ferreira, que depende, em grande parte, da prefeitura para a manutenção de seus aliados em cargos comissionados.
A estratégia adotada por Mano Medeiros é arriscada. Com adversários políticos como Clarissa Tércio (PP), Daniel Alves (Avante) e Elias Gomes (PT) despontando como fortes concorrentes, a decisão de se afastar de Bolsonaro pode ter efeitos adversos. A possibilidade de derrota não apenas ameaça o mandato de Mano, mas também pode impactar diretamente o controle do Partido Liberal em Pernambuco. Gilson Machado Neto, aliado próximo de Bolsonaro e figura central do bolsonarismo no Nordeste, poderia capitalizar sobre um eventual fracasso de Mano e Anderson, assumindo o comando do PL no estado.
Os primeiros sinais de tensão dentro dessa nova dinâmica política já começaram a emergir. Durante a recente visita de Bolsonaro a Pernambuco, Mano Medeiros optou por não comparecer a um evento realizado em Jaboatão dos Guararapes, onde o ex-presidente esteve presente. Essa ausência notável gerou murmúrios nos bastidores, pois não houve qualquer justificativa oficial por parte do prefeito.
Adicionalmente, a convenção realizada pelo grupo de Mano no último mês de julho também revelou sinais de distanciamento. Nem a bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nem os deputados federais que compõem esse grupo foram convidados para o evento. Mais ainda, houve relatos de que o prefeito teria orientado, através de seus interlocutores, os comissionados a reagirem com vaias a qualquer menção ao nome de Bolsonaro. Esse comportamento ficou evidente durante um discurso do Coronel Meira (PL), conhecido defensor do ex-presidente.
Esses movimentos de Mano Medeiros indicam uma tentativa de se reposicionar no cenário político de Jaboatão, mas carregam consigo o risco de alienar uma parte significativa de seu eleitorado. A decisão de Mano de abandonar a figura de Bolsonaro, outrora seu principal aliado, representa um ponto de inflexão na sua trajetória política, com impactos que ainda estão por se revelar completamente.
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