quarta-feira, 14 de agosto de 2024

PF INVESTIGA ESQUEMA DE RACHADINHA QUE RENDEU MAIS DE R$ 10 MILHÕES A POLÍTICOS

Nas primeiras horas desta terça-feira, a Polícia Federal desencadeou a Operação Coactum III, uma ofensiva que investiga uma série de crimes relacionados a fraudes em prestações de contas eleitorais, também conhecido como “caixa dois”, além de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. A operação, realizada nas cidades de Bagé, Porto Alegre, e Florianópolis, é um desdobramento da Coactum II, que ocorreu em maio de 2024 e já havia revelado indícios contundentes das práticas criminosas, resultando na prisão em flagrante de dois servidores públicos.

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) foi o responsável por expedir os 34 mandados de busca e apreensão, além das ordens de sequestro de bens. Desde o início do dia, 72 agentes da Polícia Federal se mobilizaram para cumprir as determinações judiciais. A operação é parte de uma investigação que apura a participação de servidores públicos comissionados do município de Bagé em um esquema de desvio de salários, prática conhecida como “rachadinha”, desde ao menos 2017. Esses servidores eram coagidos a entregar uma parcela de suas remunerações à organização criminosa, sob a ameaça de exoneração.

Os valores, que superam a cifra de R$ 10 milhões, eram então ocultados e dissimulados por meio de mecanismos fraudulentos, sendo usados para financiar campanhas eleitorais sem a devida declaração à Justiça Eleitoral. A amplitude do esquema envolveu não apenas os servidores, mas também agentes políticos e funcionários públicos municipais que desempenhavam papéis cruciais na operação e ocultação dos recursos desviados.

Durante a Coactum II, deflagrada em maio, a Polícia Federal apreendeu mídias e uma quantidade significativa de dinheiro em espécie, o que forneceu evidências fundamentais para o avanço das investigações. As provas coletadas naquela ocasião apontaram para um esquema bem articulado, com ramificações que iam além do município de Bagé, abrangendo um espectro de operações financeiras ilícitas que, ao longo dos anos, causaram um rombo significativo aos cofres públicos.

A operação recebeu o nome “Coactum” em referência ao caráter compulsório das contribuições exigidas dos servidores. A palavra, que remete à coação, simboliza o ambiente de intimidação e controle que prevalecia dentro da organização criminosa, onde os funcionários públicos eram pressionados a entregar parte de seus salários, sob o risco de perderem seus empregos.

A nova fase da operação é um esforço contínuo para desmantelar o esquema e responsabilizar os envolvidos, em um cenário que continua a se desdobrar, trazendo à tona novas evidências e suspeitos. A magnitude das ações empreendidas pela Polícia Federal nesta terça-feira é um reflexo da complexidade e do alcance do esquema, que colocou em evidência as fragilidades e vulnerabilidades no sistema de prestação de contas eleitorais e na administração pública municipal.

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