Solidão, uma pequena cidade encravada no Sertão do Pajeú, vive um momento político peculiar e até certo ponto desconcertante para muitos de seus eleitores. Com uma população eleitoral de apenas 5.754 votantes, o município enfrenta a inusitada situação de ter uma candidatura única para a próxima eleição municipal. O cenário político, que geralmente é marcado por debates acalorados e diversas opções de escolha, desta vez se apresenta com uma única chapa, encabeçada pelo jovem Maicon da Farmácia, que traz como vice-prefeito o atual vereador Antônio Bujão.
Esse fenômeno, raro em tempos contemporâneos, é fruto de uma articulação política cuidadosamente tecida pelo atual prefeito Djalma Alves. O prefeito conseguiu o que muitos gestores locais almejam, mas poucos alcançam: a mobilização da oposição em torno de um único nome. Com isso, os eleitores de Solidão se veem diante de uma eleição sem alternativas, onde a escolha já está, de certa forma, predestinada.
Para muitos moradores, essa falta de opções gera um sentimento de impotência e frustração. Em conversa com o blogueiro local, um eleitor, que preferiu não se identificar, expressou sua insatisfação com o cenário. “Somos eleitores sem opções, gostaria de poder escolher, é muito ruim candidatura única”, desabafou. A declaração reflete o descontentamento de parte da população que, apesar de reconhecer a liderança do prefeito Djalma Alves, sente-se limitada em um processo que deveria, por princípio democrático, oferecer diversas alternativas para o futuro do município.
Do ponto de vista legal, a candidatura única segue todas as normas estabelecidas pela legislação eleitoral brasileira. Em municípios com menos de 200 mil habitantes, como é o caso de Solidão, basta que o candidato vote em si mesmo para garantir a eleição, desde que obtenha a maioria dos votos válidos. Votos brancos e nulos não entram nessa contagem, o que significa que a simples presença de Maicon da Farmácia nas urnas já é suficiente para confirmá-lo como o próximo prefeito de Solidão, caso a população não decida protestar em massa votando nulo ou branco.
Esse contexto eleitoral em Solidão revela não apenas a força política do prefeito Djalma Alves, mas também as fragilidades de um sistema em que, por vezes, o consenso se forma de maneira quase unilateral, deixando os eleitores sem a possibilidade de efetuar uma escolha genuína. A cidade, que tem em Nossa Senhora de Lourdes sua padroeira e protetora, agora se encontra em um dilema onde a escolha já foi feita antes mesmo de as urnas serem abertas.
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