Em um cenário político em que a transparência é cada vez mais exigida, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem intensificado a fiscalização sobre a presença dos candidatos a vice-prefeito nas campanhas eleitorais. A prática de ocultar o vice nas peças de campanha, intencionalmente ou não, tem sido alvo de advertências e até punições por parte da Justiça Eleitoral. Nos últimos dias, diversos candidatos em Pernambuco foram flagrados em desacordo com a legislação, o que gerou apreensão e debates acalorados nas redes sociais.
Entre os atingidos pela ação do TRE está o prefeito de Recife, João Campos. Em sua campanha para a reeleição, Campos teve materiais de divulgação questionados por não exibirem a imagem de sua candidata a vice. A mesma situação se repetiu em Jaboatão dos Guararapes, onde o prefeito Mano Medeiros também foi alvo de advertência pela ausência do vice em suas peças publicitárias. Ambos os prefeitos defenderam-se argumentando que os materiais em questão foram produzidos exclusivamente para as convenções partidárias, buscando justificar a ausência dos vices como uma questão técnica e não uma tentativa de esconder seus companheiros de chapa.
A fiscalização do TRE alcançou um novo patamar ontem, quando o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de Olinda, Vinícius Castello, teve materiais de campanha apreendidos. O motivo: a ausência da imagem de seu vice, Celso Muniz, nas peças publicitárias. A falta de Muniz, que possui um histórico de alinhamento com pautas bolsonaristas, foi rapidamente interpretada como uma estratégia deliberada do candidato petista para evitar a exposição de uma aliança que poderia ser vista como contraditória, considerando a oposição histórica entre o PT e o bolsonarismo. As redes sociais rapidamente se inflamaram com especulações sobre a verdadeira intenção por trás dessa omissão, aumentando a pressão sobre Castello.
O caso de Olinda reacende o debate sobre a transparência nas campanhas e a obrigação de os candidatos apresentarem de forma clara e completa suas chapas ao eleitorado. A Justiça Eleitoral, ao agir de forma rigorosa, sinaliza que o eleitor tem o direito de conhecer não apenas o candidato a prefeito, mas também quem o acompanhará na administração do município. A resposta de Vinícius Castello, assim como a dos demais candidatos, foi de que o material era apenas preliminar, destinado às convenções e sem a intenção de omitir informações relevantes ao público.
Enquanto as justificativas são apresentadas, o eleitorado e a Justiça seguem atentos. A questão, no entanto, vai além da legalidade ou das punições aplicadas. Ela toca na confiança do eleitor, na clareza das alianças políticas e na forma como os candidatos pretendem conduzir suas campanhas em um ambiente cada vez mais vigiado e exigente.
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