sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O EFEITO GUIA DE RÁDIO E TV EM JOÃO

A pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Quaest trouxe um cenário de mudanças sutis nas intenções de voto para a prefeitura do Recife. João Campos, que até a semana passada liderava com 80%, viu sua vantagem reduzir para 76%, uma perda de quatro pontos percentuais. Esse declínio coincide com a intensificação das críticas da oposição durante o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio. Entre os principais opositores, Gilson Machado e Daniel Coelho adotaram estratégias focadas em pontos vulneráveis da atual gestão de Campos.

Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, tem direcionado seus ataques para a questão das creches, tema sensível para uma parte significativa do eleitorado. Ele explora a dificuldade que muitas famílias enfrentam ao tentar garantir vagas para seus filhos na rede municipal. A narrativa de Machado toca em uma ferida aberta, principalmente nas periferias da cidade, onde a demanda por educação infantil é alta e a oferta é insuficiente. Esse discurso, no entanto, não parece ter resultado imediato em crescimento nas pesquisas, já que seu percentual de intenção de votos permanece o mesmo.

Enquanto isso, Daniel Coelho tem centralizado seu discurso em questões habitacionais, apontando falhas na condução das políticas de moradia e criticando a falta de avanços em projetos de urbanização e regularização fundiária. O candidato, que sempre teve uma postura crítica ao atual governo, reforça que os projetos apresentados pela gestão Campos têm avançado a passos lentos, deixando muitas famílias à margem das melhorias prometidas. Assim como Machado, Coelho também não apresentou crescimento significativo nas pesquisas, mas sua estratégia de manter o foco nos problemas de habitação parece ser um esforço contínuo para atrair eleitores insatisfeitos.

Diante desse cenário de críticas, João Campos mantém um percentual elevado, mas já sente o impacto das campanhas adversárias. A resposta de sua equipe de comunicação tem sido reforçar as conquistas da atual gestão, como as obras de infraestrutura e a ampliação dos serviços de saúde, além de tentar desviar o foco das questões mais problemáticas apontadas pelos adversários. No entanto, a ligeira queda de quatro pontos pode ser um sinal de que o desgaste da imagem do prefeito começa a se refletir nas pesquisas.

Por outro lado, Dani Portela, candidata da esquerda, vem ganhando espaço, embora seu crescimento ainda não seja tão expressivo. Seu discurso alinhado aos valores progressistas e à defesa dos direitos das minorias tem potencial para atrair uma parte do eleitorado que, embora simpatize com o Partido dos Trabalhadores (PT) e suas pautas, não vê em Campos o candidato ideal para representar essas demandas. A entrada mais forte de Portela na disputa pode representar um desafio adicional para João Campos, especialmente entre os eleitores mais jovens e os setores mais à esquerda, que podem se identificar com a proposta de renovação política defendida por Dani.

Com a aproximação das eleições, a expectativa é que os candidatos busquem não apenas explorar as fragilidades uns dos outros, mas também apresentar mais propostas concretas, capazes de cativar o eleitor indeciso. Embora Gilson Machado e Daniel Coelho tenham mantido seus percentuais estáveis, ambos já começaram a diversificar suas campanhas, misturando críticas e propostas, numa tentativa de se diferenciarem como alternativas viáveis ao atual prefeito.

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