O embate teve origem nas acusações feitas por Gilson, apontando irregularidades na entrega da gestão das creches a pessoas supostamente ligadas a vereadores da Frente Popular. O problema, no entanto, não está em questionar a relação entre a administração municipal e as pessoas responsáveis pelas creches. Segundo as decisões do TRE, as denúncias sobre a gestão das unidades escolares poderiam ser feitas, desde que dentro dos parâmetros legais, ou seja, sem imputar diretamente crimes como corrupção, sem que houvesse uma investigação concluída ou prova cabal. Isso foi ignorado pela campanha do PL, que optou por termos como "corrupção" para atacar João Campos e sua administração.
Ao usar palavras de cunho ofensivo, sem comprovação, a equipe jurídica de Gilson Machado acabou esbarrando nos critérios estabelecidos pela Justiça Eleitoral, que é rigorosa em relação à veracidade e à linguagem utilizada durante o período de campanha. As decisões do TRE reforçam que, apesar das críticas serem permitidas, os candidatos devem se ater a fatos comprovados ou, ao menos, não utilizar expressões que extrapolem a crítica política legítima. Isso fez com que as peças publicitárias que continham essas acusações fossem retiradas do ar.
Com as seguidas derrotas na Justiça Eleitoral, Gilson Machado se viu forçado a adotar uma postura mais defensiva em relação às suas acusações. Embora tenha mantido a linha crítica à administração de João Campos, especialmente em temas como educação e transparência na gestão pública, sua campanha precisou ajustar o discurso. A tentativa de associar as gestões das creches a atos ilícitos antes mesmo de uma apuração formal fez com que ele perdesse espaço valioso no horário eleitoral, o que, em uma disputa acirrada como a de Recife, pode fazer toda a diferença no resultado final.
O episódio também abriu espaço para críticas internas à coordenação de campanha de Gilson. A avaliação é que, se tivesse mantido a linha das denúncias, porém com o cuidado necessário para evitar afirmações categóricas sobre crimes ainda não comprovados, a campanha teria continuado a explorar um tema sensível sem atritos com a Justiça Eleitoral.
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