sexta-feira, 11 de outubro de 2024

MAIS DE 85% DOS PREFEITOS ELEITOS NO BRASIL SÃO HOMENS

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), analisados pela Agência Brasil, revelam um retrato ainda tradicional, porém com nuances de mudança, do perfil dos prefeitos eleitos no Brasil em 2024. Dos 5.417 prefeitos que conquistaram seus mandatos já no primeiro turno, apenas 724 são mulheres, o que corresponde a 13,36% do total, enquanto os homens ocupam esmagadores 86,64% das prefeituras. Apesar dessa disparidade, os números indicam um avanço em relação ao último pleito municipal, em que 651 mulheres foram eleitas entre as 5.401 prefeituras em disputa. A presença feminina, embora ainda tímida, começa a desenhar um novo cenário no poder municipal, rompendo com a tradição política brasileira de baixa participação das mulheres.

A faixa etária predominante entre os prefeitos eleitos situa-se entre 40 e 49 anos, abrangendo 33,3% dos eleitos. Esse grupo etário, que tem sido interpretado como representativo de uma fase de maturidade tanto pessoal quanto política, é seguido de perto pelos que têm entre 50 e 59 anos, que somam 27,62%. O dado revela que a política municipal ainda está majoritariamente nas mãos de pessoas com experiência acumulada, longe do vigor da juventude, mas sem atingir as idades mais avançadas. A parcela mais jovem da população, portanto, continua sub-representada, apesar do crescente apelo por renovação política.

No que diz respeito à escolaridade, a maioria dos prefeitos eleitos possui ensino superior completo, somando 59,3%, o que aponta para uma valorização da qualificação educacional nas disputas eleitorais locais. Ainda assim, um contingente significativo de 25% dos eleitos concluiu apenas o ensino médio, indicando que a representatividade popular, especialmente em cidades menores, pode ser alcançada com menor grau de instrução formal. Esse dado também reflete a realidade do eleitorado brasileiro, em que a escolaridade avançada não é necessariamente um requisito determinante para se alcançar cargos públicos de relevância.

Em termos de estado civil, 71% dos prefeitos eleitos são casados, enquanto 19% declararam-se solteiros, o que sugere que a imagem de estabilidade familiar ainda desempenha um papel importante na construção da identidade política de muitos candidatos. A tradicional figura do "chefe de família" permanece prevalente, sendo vista como sinônimo de responsabilidade e seriedade na gestão pública. Essa imagem é fortemente reforçada nas campanhas eleitorais, especialmente em cidades menores, onde os vínculos comunitários são mais estreitos e as trajetórias pessoais dos candidatos são amplamente conhecidas.

Quando analisada a questão racial, os prefeitos eleitos ainda são, majoritariamente, brancos. 66% dos eleitos declararam-se brancos, enquanto pardos e pretos representam 33,6% desse universo. Esse dado destaca a permanência de uma desigualdade racial no acesso a cargos políticos de liderança, especialmente em regiões do país onde a população negra e parda é expressivamente maior. Embora o Brasil seja um país de grande diversidade étnica, essa diversidade ainda encontra barreiras quando o assunto é representação política, perpetuando uma estrutura de poder historicamente excludente.

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