A recente definição da nova composição da comissão estadual do União Brasil em Pernambuco traz contornos de uma estratégia administrativa que aponta para uma etapa de ajustes internos e equilíbrio de poder dentro do partido. Sob a influência direta do advogado Antônio Rueda, presidente nacional da legenda, essa nova comissão, desenhada para um mandato de 180 dias, evita figuras de destaque político e se concentra em nomes com perfil técnico. O movimento, discreto em sua essência, visa evitar interferências ou desequilíbrios que pudessem emergir em um momento de clara disputa entre grandes forças do cenário local.
José Ed Jackson da Silva foi escolhido para a presidência da comissão, demonstrando o peso técnico que norteou a decisão, já que seu perfil reflete o caráter administrativo que o comando do partido busca imprimir. Ao seu lado, outros integrantes reforçam a solidez técnica da equipe: Darlliene Cristina Queiros de Paiva, Enio Siqueira Santos — advogado do União em Brasília — e Kenia Pereira de Abreu, que compõem o corpo diretivo. Na função de tesoureira, Walbia Vania de Farias Lora acrescenta sua experiência financeira à estrutura, reforçando o direcionamento cauteloso e administrativo deste ciclo inicial.
Essa reconfiguração ocorre em meio a um contexto de expectativas e divergências. De um lado, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, almeja conduzir o União Brasil a um apoio ao projeto político de João Campos. Já o deputado federal Mendonça Filho, com trajetória consolidada e engajada em sua base, busca alinhar o partido à governadora Raquel Lyra, fortalecendo a união com o bloco que lidera o Executivo estadual. A dualidade dessas aspirações imprime ao União Brasil um cenário de tensão, com desdobramentos que ainda deverão ser definidos em meio às movimentações de bastidores.
A composição técnica, portanto, não só delineia uma fase administrativa no partido, mas também abre espaço para que o comando do União Brasil em Pernambuco passe por um período de observação e avaliação antes de uma possível escolha definitiva. Rueda, ao evitar figuras políticas no comando, aposta em uma estrutura estável e protegida das disputas locais, garantindo uma transição que não se comprometa nem ao apoio de Miguel Coelho, nem à aliança desejada por Mendonça Filho.
Esse equilíbrio é frágil e possivelmente temporário, pois os interesses em jogo são de grande relevância. Tanto Coelho quanto Mendonça representam não só correntes internas do partido, mas visões divergentes sobre o papel do União Brasil no cenário estadual. A decisão do presidente nacional de montar um comando técnico deixa claro o cuidado com o partido e a disposição para que as articulações políticas, por ora, aguardem decisões de cúpula.
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