A cidade de Ipojuca, localizada na Região Metropolitana do Recife, amanheceu em choque com a notícia do afastamento do presidente da Câmara Municipal, Deoclécio Lira, suspeito de liderar um esquema de “rachadinha” dentro da Casa Legislativa. A investigação, conduzida pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e denominada “Operação Fetta,” trouxe à tona uma série de práticas ilícitas que, segundo as autoridades, teriam prejudicado os cofres públicos e comprometido o funcionamento do serviço público municipal.
Os detalhes da operação, coordenada pela Diretoria Integrada Especializada (Dracco), revelam um esquema complexo que envolveria ao menos 13 assessores parlamentares de Deoclécio. Estes servidores, conforme as investigações, estariam sendo obrigados a devolver parte de seus salários ao presidente da Câmara, numa prática de apropriação de recursos conhecida como “rachadinha.” Esse tipo de prática é considerado um abuso de poder, pois aproveita-se da vulnerabilidade dos funcionários e drena recursos públicos que deveriam estar voltados ao desenvolvimento de políticas públicas.
Com base em informações obtidas através de denúncias e investigações preliminares, a Polícia Civil cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em diversos endereços em Ipojuca, Recife e outras localidades relacionadas ao caso. As buscas resultaram na apreensão de um grande volume de documentos, aparelhos eletrônicos, incluindo celulares e computadores, além de armas, todos em posse de pessoas ligadas ao gabinete do vereador. Segundo o Dracco, o material recolhido poderá lançar novas luzes sobre o esquema, indicando outros possíveis envolvidos e dimensionando o impacto financeiro e social da prática.
A “rachadinha,” prática conhecida em diversas instâncias de poder no Brasil, transforma-se em um crime de difícil comprovação devido à complexidade das provas e à pressão exercida sobre os funcionários envolvidos. No caso de Ipojuca, a investigação sugere que assessores eram pressionados a repassar quantias expressivas de seus salários como condição para manterem seus cargos. Essas devoluções ilegais contribuíram, segundo os investigadores, para criar uma estrutura ilícita que possibilitava o enriquecimento do vereador e mantinha em risco os recursos públicos da cidade.
O esquema investigado pelo Dracco aponta ainda para um impacto direto nos serviços oferecidos à população de Ipojuca. Recursos que poderiam ser utilizados para atender às necessidades dos cidadãos e melhorar o atendimento em áreas críticas, como saúde, educação e segurança, eram desviados para o benefício próprio, enquanto os verdadeiros interesses do município eram negligenciados.
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