ESCÂNDALO NA CÂMARA DE IPOJUCA

A cidade de Ipojuca se viu, mais uma vez, no centro de um escândalo político. Dessa vez, o foco recai sobre o vereador Deoclécio Lira, presidente da Câmara Municipal, que foi afastado do cargo em meio a suspeitas de liderar um esquema de "rachadinhas" – prática em que servidores devolvem parte de seus salários a políticos que os empregam. A Operação Fetta, realizada pela Polícia Civil de Pernambuco, desencadeou a investigação que atinge não só o vereador, mas também 13 funcionários comissionados ligados ao seu gabinete.

A operação, que se estendeu entre Pernambuco e Bahia, mobilizou equipes que cumpriram um total de 23 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela Comarca de Ipojuca. O caso levanta suspeitas profundas sobre a estrutura e funcionamento do gabinete do vereador, e a investigação inicial sugere que as "rachadinhas" estariam ocorrendo em larga escala, beneficiando diretamente o líder do Legislativo municipal. Esse modelo de prática, tão antigo quanto criticado, ecoa como um desvio de ética e abuso de poder, e reforça a falta de transparência nas engrenagens que deveriam servir à população.

Ainda que as investigações estejam em fase inicial, o afastamento imediato de Deoclécio e dos outros 13 servidores de seu círculo representa uma medida de urgência que busca evitar o comprometimento de provas. Em Ipojuca, a repercussão é de impacto, já que a figura de Deoclécio Lira representava uma liderança no cenário político local. Seu partido, o Republicanos, que vem se expandindo em Pernambuco, agora se vê em uma posição delicada, necessitando responder aos questionamentos sobre a integridade de seus representantes.

A reação da população é de indignação, e a cidade aguarda, com expectativa, novos desdobramentos que esclareçam o tamanho do esquema e os possíveis envolvidos. O clima em Ipojuca é de desconfiança, um lembrete de que práticas antigas, que deveriam ser combatidas, ainda permeiam as esferas do poder local, abrindo a possibilidade de uma reflexão mais ampla sobre a conduta ética dos agentes públicos na cidade.