NA LUPA 🔎
BLOG DO EDNEY
Por Edney Souto
A HIPOCRISIA DA SOCIEDADE FRENTE OS CUSTOS REAIS DAS CAMPANHAS POLÍTICAS
A política brasileira é um campo fértil para a hipocrisia, e isso se torna ainda mais evidente quando analisamos os pressupostos e os limites de gastos estabelecidos para campanhas eleitorais. Numa conversa de rua essa semana aqui em Garanhuns, com alguns analistas políticos chegamos a conclusão que é inegável que existe uma discrepância monumental entre os valores estipulados, as prestações de contas e a realidade do que realmente custa fazer campanha. Vamos dar uma analisada aqui NA LUPA.
FANTASIA- A ilusão criada em torno dos valores do fundo partidário e eleitoral e os gastos reais das campanhas políticas transformam esse cenário em um verdadeiro teatro da hipocrisia, que engana tanto a sociedade quanto os próprios políticos. É fácil se chocar ao ver os limites de gastos para campanhas em cidades pequenas, como a absurda quantia de R$ 16.000,00 para vereador em uma localidade de 18 mil habitantes. Isso corresponde a míseros R$ 1,12 por eleitor. Ao olhar para esses números, surgem questionamentos sobre como seria possível realizar uma campanha efetiva e como os candidatos poderiam realmente se comunicar com seus eleitores.
FAZ DE CONTA - A verdade é que muitos cidadãos, ao se depararem com essa situação, sentem uma mistura de indignação e descrença, questionando se alguém realmente acredita que é possível fazer política com valores tão irrisórios. O que se percebe, na verdade, é que essa é uma realidade que poucos ousam confrontar. A sociedade brasileira assistiu a diversas eleições nas últimas décadas e, com o passar do tempo, chegou à conclusão de que a transparência nas campanhas nunca foi uma prioridade para a classe política.
CAIXA 02 - O caixa 2, uma prática amplamente condenada, ainda permeia o cenário político, mesmo que disfarçado sob uma aparência de legalidade. As narrativas em torno do financiamento de campanhas muitas vezes ignoram a complexidade dos custos, fazendo com que o cidadão médio pense que os números divulgados nas prestações de contas são a realidade. No entanto, essa é apenas uma fachada para algo muito mais sombrio e desonesto. O caixa 2 é impossível de ser combatido claramente pois ele está enraizado na cultura política e sempre houve, há e sempre haverá, pois não é fácil detectar.
GASTOS REAIS - É irônico observar como as regras e limites impostos na legislação são vistos como piadas prontas, que não condizem com a realidade das campanhas. Embora muitos cidadãos se horrorizem com os números divulgados, é fundamental que se compreenda que esses valores são apenas a ponta do iceberg. A soma real dos gastos pode ser pelo menos dez vezes maior do que o que é relatado. Essa discrepância gera um sentimento de impotência e de frustração entre aqueles que buscam uma política mais ética e transparente. Além disso, a hipocrisia vai além do mero ato de esconder informações. Ela se infiltra na própria estrutura que mantém esse sistema intacto. Quando um candidato a prefeito de um município com 58 mil habitantes tem um “limite de gastos” de R$ 250 mil, isso caro leitor aqui NA LUPA, representa uma média de R$ 4,31 por eleitor. Essa quantia é risível e, mais uma vez, levanta a questão: quem pode realmente acreditar que isso é suficiente? Essa falta de conexão com a realidade faz com que muitos cidadãos se sintam desamparados e desiludidos com a política.
DIREITA ENTRA NO VÁCUO- O crescimento da direita no Brasil pode ser visto como uma resposta a essas fraquezas na estrutura da política tradicional. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos acendeu um alerta de que muitas das promessas e discursos da esquerda parecem ter perdido sua força, resultando em uma erosão de credibilidade. Essa mudança no cenário político brasileiro, onde a direita começa a conquistar espaços, é um reflexo das insatisfações populares com a hipocrisia que permeia o sistema eleitoral.
Contudo, a mudança é uma possibilidade real e necessária. O ano de 2026, com suas eleições, oferecerá uma nova oportunidade para que a sociedade brasileira reivindique reformas e um debate mais sério sobre o financiamento de campanhas.
CONFRONTAR - Chegou a hora de confrontar essa hipocrisia sem limites e exigir um sistema que realmente reflita os custos reais das campanhas políticas. Essa será uma pauta que a direita vai encampar. A transparência deve ser uma prioridade, e a sociedade precisa continuar pressionando por mudanças significativas.
Em suma, a hipocrisia da sociedade brasileira em relação aos verdadeiros custos das campanhas políticas não pode mais ser ignorada. É um mundo de fantasia que ofusca a realidade e impede que o cidadão comum compreenda a extensão do problema.
TRANSPARÊNCIA- Se não houver um reconhecimento coletivo dessa hipocrisia, estaremos fadados a ver a situação se deteriorar ainda mais. Chegou o momento de romper com essa tradição e construir um futuro político mais sério e real para os eleitores. No fim das contas, a verdadeira democracia exige não apenas um voto, mas também um comprometimento com a verdade e a transparência nas práticas eleitorais. E o que se espera dos Poderes Constituídos, que revisem esse “Cavalo de Tróia” pois tudo isso não passa de ilusão ofertada a uma parte cega da sociedade incapaz de enxergar essa hipocrisia. É melhor liberar abertamente o financiamento privado de campanhas de forma transparente do que seguir nesse jogo da ilha da fantasia que torna o jogo democrático impossível para os candidatos que não possuem recursos nem apoio de cúpulas partidárias, nem emendas PIX. É isso aí.
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