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Por Edney Souto
A NOVELA FRANCISMAR E O PSB: CONFLITO INTERNO NA MAIOR BANCADA DA ALEPE
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vive um capítulo tenso em sua história política, com a disputa pela Primeira-Secretaria da Casa. De um lado, o deputado Gustavo Gouveia (SD), atual primeiro-secretário, com o apoio da maior bancada da Alepe, o PSB, que decidiu renovar seu apoio à sua reeleição. Do outro, o deputado Francismar Pontes (PSB), membro da bancada socialista e candidato ao cargo, mas que vê sua candidatura enfrentando o desprezo do partido. Essa disputa não é apenas sobre o cargo, mas sobre as relações internas de poder, as articulações partidárias e o embate entre interesses pessoais e coletivos.
O PSB, tradicionalmente uma legenda forte em Pernambuco, viu sua unidade ser desafiada com essa disputa interna. Francismar, até então uma figura com um discurso alinhado ao partido, percebeu que seu caminho até a Primeira-Secretaria seria mais árduo do que imaginava. Em uma reunião crucial, na segunda-feira (25), a bancada do PSB anunciou publicamente que seguiria apoiando a reeleição de Gustavo Gouveia para o cargo de primeiro-secretário, uma decisão que caiu como uma bomba em Francismar, que não participou da reunião e logo expressou seu descontentamento.
A Reação de Francismar Pontes
A reação de Francismar foi imediata e ácida. Com uma ironia cortante, o deputado declarou: "PSB que Sileno dirige não é o mesmo PSB que está comigo. O voto é secreto". A declaração não apenas revela o tom de frustração de Francismar, mas também expõe uma divisão palpável dentro do PSB. O fato de ele ter usado o voto secreto como uma estratégia implícita mostra que ele ainda acredita no poder de reverter o jogo nas urnas, apesar da falta de apoio da maioria do seu próprio partido.
Em um gesto de resistência, Francismar, que já havia assinado um documento registrado em cartório no dia 14 de novembro, comprometendo-se a não desistir da candidatura sob risco de renunciar ao mandato, reforçou sua postura de não abrir mão da disputa. Esse compromisso jurídico, entretanto, parece ter sido um movimento mais simbólico do que uma ação prática, pois seu partido, o PSB, já havia tomado a decisão de apoiar Gustavo Gouveia, o que o deixou cada vez mais isolado dentro da legenda.
O PSB e a Justificativa de Sileno Guedes
Por outro lado, o líder do PSB na Alepe, deputado Sileno Guedes, procurou justificar a posição do partido em favor de Gustavo Gouveia. Segundo Sileno, a bancada do PSB já havia estabelecido um compromisso com a reeleição de Gouveia e a manutenção de Álvaro Porto na presidência da Alepe, muito antes da candidatura de Francismar. "Essa candidatura de Francismar não é iniciativa do PSB, mas de outro partido, o PP. Nós já havíamos tomado a decisão de apoiar Gustavo e não podemos recuar", declarou Sileno, evidenciando que a movimentação de Francismar não teria respaldo dentro da estrutura interna do partido.
Sileno também frisou que a decisão do PSB, de apoiar Gustavo Gouveia para primeiro-secretário, estava alinhada com a necessidade de respeitar a proporcionalidade da bancada, que conta com 12 deputados na Alepe e é a maior do Estado. Nesse sentido, a estratégia do PSB é garantir que os cargos da Mesa Diretora sejam ocupados por representantes que atendam ao tamanho e à força da bancada socialista, com o objetivo de manter a influência do partido na Casa.
O Isolamento de Francismar dentro do PSB
Apesar da justificativa apresentada por Sileno Guedes, a situação de Francismar dentro do PSB se tornou cada vez mais insustentável. Ele viu sua candidatura ser desconsiderada não apenas pelos seus colegas de bancada, mas também pelo próprio líder do partido, Sileno Guedes. Durante a reunião que oficializou o apoio a Gustavo Gouveia, Francismar não esteve presente, e isso foi interpretado como uma manifestação de desconforto ou até mesmo desconfiança por parte de outros membros do PSB.
Em suas declarações, Francismar não se limitou a criticar a decisão de Sileno, mas também questionou a legitimidade da reunião, alegando que "não havia quatro deputados" presentes no encontro. Esse tipo de comentário reflete uma tentativa de descreditar o processo interno do partido, sugerindo que o apoio a Gouveia não foi unânime nem legítimo, o que aumenta ainda mais a tensão entre os membros da bancada socialista.
A Candidatura de Francismar: Isolamento ou Oportunidade?
Embora o apoio a Gustavo Gouveia seja praticamente consolidado dentro do PSB, a candidatura de Francismar ainda apresenta alguns elementos que podem ter impacto no processo eleitoral. A divisão entre os partidos dentro da Alepe, em especial entre o PSB e o PP, é um reflexo da instabilidade política que marca o cenário atual. Mesmo sem a força do PSB por trás de sua candidatura, Francismar pode buscar apoio de outras legendas, o que poderia gerar uma dinâmica de alianças que alterasse o resultado esperado.
Contudo, seu posicionamento isolado dentro do PSB levanta dúvidas sobre sua capacidade de articular esse apoio. Ele aposta na imprevisibilidade do voto secreto, acreditando que poderá reverter a situação com o apoio dos deputados que, por ventura, se sintam incomodados com a imposição da liderança socialista. A grande questão, no entanto, é até que ponto esse isolamento não será prejudicial para suas chances de vitória.
O Futuro da Relação PSB-Francismar
O desfecho da disputa pela Primeira-Secretaria promete ter repercussões não apenas sobre as eleições na Alepe, mas também sobre o futuro das relações dentro do PSB. A maneira como o partido lidou com a candidatura de Francismar, ao deixar claro seu apoio a Gouveia, pode gerar consequências para o relacionamento do deputado com a liderança estadual, especialmente com Sileno Guedes. Se Francismar, porventura, se sentir completamente marginalizado, isso poderá enfraquecer ainda mais sua posição dentro do PSB, e até mesmo comprometer sua imagem junto aos eleitores.
Esse episódio expõe um dilema comum na política: até que ponto um deputado está disposto a sacrificar sua lealdade partidária em nome de uma candidatura pessoal? O caso de Francismar é um exemplo claro das complexas tensões que podem surgir dentro de um partido quando os interesses pessoais se confrontam com as decisões coletivas. A novela está longe de ter um final definido, e o que parece certo é que a disputa pela Primeira-Secretaria será marcada por reviravoltas até o último momento, com o voto secreto sendo o grande protagonista dessa trama política.
O Voto Secreto: A Última Carta de Francismar
O voto secreto na Alepe, apesar de ser uma ferramenta da democracia, carrega consigo uma carga de imprevisibilidade que torna a disputa ainda mais emocionante e incerta. Francismar aposta suas fichas nessa possibilidade, acreditando que a divisão dentro do PSB pode ser refletida nas urnas. Ele terá que se convencer, porém, de que não é apenas o voto secreto que pode determinar sua vitória, mas também a capacidade de construir alianças estratégicas que sejam fortes o suficiente para contrabalançar a força da bancada socialista e a relação de poder que se estabelece na Casa.
A novela FRANCISMAR e PSB, por enquanto, não tem um final claro, mas está longe de ser um enredo resolvido. O capítulo final da disputa será decidido nos próximos dias, mas, enquanto isso, a expectativa aumenta, e as articulações nos bastidores seguem, com o destino da Primeira-Secretaria pendendo na balança. É isso!
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