terça-feira, 12 de novembro de 2024

Na Lupa, Quarta, 12/12/024

NA LUPA 🔎 


A TRANSIÇÃO DO DEPUTADO ESTADUAL PARA O FEDERAL E A LUTA PELA VISIBILIDADE NO CONGRESSO NACIONAL 


Por Edney Souto 

A migração de um deputado estadual para a Câmara Federal é, sem dúvida, um dos desafios mais intrigantes da política brasileira. Apesar do sucesso acumulado em suas Assembleias Legislativas, muitos parlamentares ao fazer essa transição se veem imersos em um universo complexo e competitivo, que muitas vezes os religam ao chamado "baixo clero" do Congresso Nacional. Essa realidade traz à tona questões fundamentais sobre como a política é exercida no Brasil e quais são os elementos que determinam o sucesso ou o fracasso de um deputado em Brasília. Vamos passar aqui NA LUPA um tema intrigante.
BAIXO CLERO - Ao chegar no Congresso Nacional o ex-deputado estadual já chega no baixo clero. A expressão “baixo clero” descreve os parlamentares que possuem pouca influência e visibilidade, muitas vezes atuando em defesa de interesses regionais ou pessoais. Essa camada de deputados, apesar de atuar dentro do sistema, encontra grandes dificuldades para se destacarem em um contexto onde apenas alguns conseguem romper a barreira da visibilidade. Com 513 deputados na Câmara, a competição por atenção e protagonismo é feroz. Cada parlamentar busca um espaço nas mídias, seja em entrevistas, debates ou em pautas relevantes, e isso exige não apenas talento, mas uma estratégia bem delineada.
SILVIO COSTA FILHO- Um exemplo emblemático da superação dessa barreira é o deputado Silvio Costa Filho, que conseguiu se destacar logo no início de seu mandato. Sua ascensão é um indicativo de que, mesmo com a migração das assembleias para o cenário federal, há formas de conquistar a atenção e a relevância necessária. No entanto, essa realidade não é a regra. Existem muitos casos de políticos que, mesmo sendo considerados "reis" em suas Assembleias Legislativas, não conseguem manter essa mesma aura em Brasília, onde a política se torna uma verdadeira selva.

ROMPER O DESCONHECIMENTO- O fenômeno que “amarra” um deputado no pelotão inferior pode ser explicado por várias razões. Uma delas é a complexidade do funcionamento do Congresso Nacional. Na Câmara, questões de hierarquia, alianças políticas e a habilidade em negociar pautas tornam-se cruciais para o êxito do parlamentar. Além disso, a presença de líderes partidários, figuras carismáticas e uma estrutura bem definida de relacionamentos políticos desempenham um papel fundamental na visibilidade de cada deputado. Muitos que chegaram à Brasília com alta expectativa se vêem, na verdade, lutando para serem ouvidos em meio a um cenário em que a competição é standard.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA- A vida política nas Assembleias Legislativas, por outro lado, pode criar uma ilusão de segurança e relevância. Os deputados estaduais estão frequentemente mais próximos de suas bases eleitorais, e suas atuações são amplamente divulgadas e reconhecidas por seus constituintes. No entanto, é crucial entender que essa dinâmica muda drasticamente ao se transferirem para a esfera federal, onde o foco se torna mais amplo e, muitas vezes, distante das preocupações provinciais. Além do aspecto relacional, a capacidade de comunicação e o domínio dos meios de comunicação social tornaram-se elementos indispensáveis. 
CÂMARA FEDERAL- Neste novo cenário, em que um deputado estadual é eleito deputado federal ele precisa conseguir boa cobertura de mídia, estabelecer uma presença digital forte e manter um bom relacionamento com jornalistas, estas são habilidades que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um deputado federal. Assim, o jogo da política em Brasília não se resume apenas às habilidades legislativas com que o parlamentar pode ter contado em seu estado.
ASCENSÃO AO ALTO CLERO- Para aqueles que têm a ambição de transcender as limitações impostas pelo baixo clero, uma estratégia clara e bem definida é necessária. Os deputados que se dedicam a entender a dinâmica do Congresso, que cultivam relacionamentos tanto no interior de sua própria base partidária quanto com membros de outras legendas, têm maiores chances de evitar o apagamento político. Investir em pautas que chamem a atenção e que despertem o interesse da opinião pública é um caminho vital para que esses parlamentares possam ascender ao que é considerado o "alto clero" da política nacional.
TRANSIÇÃO- E importante dizer caro leitor aqui NA LUPA, que a transição de deputado estadual para federal é um processo que exige planejamento, adaptabilidade e habilidades que vão além da atuação política tradicional. Embora o sucesso em uma assembleia legislativa possa ser um bom indicativo de futuro sucesso, o ambiente do Congresso Nacional apresenta desafios únicos, que podem fazer com que até os mais preparados se vejam perdidos em meio ao baixo clero. A política brasileira demandará, portanto, dos seus representantes, não apenas aptidão para o debate político, mas uma habilidade estratégica aguçada para navegar pelas correntes muitas vezes turvas da política nacional. Essa é a diferença entre ser simplesmente um deputado e tornar-se uma figura de referência no Congresso Nacional. Brasília não é para amadores. É isso aí.

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