Por Greovário Nicollas.
O recente debate no Congresso Nacional acerca das emendas PIX revela uma trama complexa envolvendo poder, transparência e a perpetuação de práticas políticas que muitos consideram nefastas. Sob a pressão do ministro do STF, Flávio Dino, os congressistas optaram por uma alteração que, à primeira vista, parecia promissora, mas que, na realidade, representa uma manobra para manter a inércia do sistema. Deram um drible em sua excelência Flávio Dino.
A mudança, que "transferiu" as indicações das emendas para os líderes das bancadas partidárias, em vez de efetivamente abrir espaço para uma maior transparência e participação popular, revela um aperfeiçoamento da desfaçatez política.
Ao invés de democratizar o acesso às verbas, essa nova configuração fortalece as figuras centrais do poder, os chamados “caciques políticos”, que passam a deter ainda mais controle sobre onde e como os recursos serão alocados, sob a justificativa de agir em nome do “coletivo”.
Essas movimentações, que se apresentam como reformas, não passam de uma fachada que esconde a continuidade de práticas antigas.
Ao transformar o processo de indicações em um “balcão de negociação” em nível coletivo, o que antes acontecia de forma individual – onde cada deputado ou senador poderia pleitear diretamente recursos – agora se desenha como um novo tipo de negociação de colarinho ao invés de uma verdadeira mudança de paradigma.
Neste contexto, o Brasil parece imerso em um ciclo vicioso, onde as promessas de mudança se esvaem diante da realidade política estabelecida.
A sensação de impotência e a proposta de que "mudaram muita coisa, inclusive nada" ecoam em muitas vozes da população, que anseia por uma verdadeira reforma que não apenas alteração de nomes nos papéis, mas uma transformação genuína que promova a equidade e a transparência no uso dos recursos públicos.
Assim, ao analisar essas alterações nas emendas PIX, fica evidente que a luta por um Brasil mais justo e transparente ainda está longe de uma conclusão satisfatória.
A verdadeira mudança requer um compromisso firme com a democracia e uma disposição real para desafiar as estruturas de poder que há muito tempo regem a política no país.
Articulista e colaborador do Blog do Edney.
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