A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos acendeu um sinal de alerta na política brasileira, particularmente entre as lideranças da esquerda. O senador Humberto Costa, uma das figuras mais proeminentes do Partido dos Trabalhadores, enxergou no retorno do republicano à Casa Branca um reflexo preocupante de possíveis desdobramentos no cenário político nacional, especialmente em relação ao futuro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua tentativa de reeleição em 2026.
Para Humberto, a volta de Trump, que anteriormente era visto como uma "anomalia histórica", demonstra a resiliência e a força de um discurso alinhado a valores da direita radical. O senador observou que Trump não apenas retorna ao poder, mas o faz com uma base de sustentação política consolidada, dominando o Congresso e a Suprema Corte. Essa configuração, na visão do petista, confere ao republicano a capacidade de implementar uma agenda governamental sem grandes barreiras institucionais, configurando um modelo que pode inspirar lideranças da extrema-direita em outros países, inclusive no Brasil.
A vitória do presidente Lula em 2022 foi percebida por muitos como um ponto de inflexão, marcando o declínio do projeto bolsonarista e de seus ecos na sociedade brasileira. Contudo, Humberto Costa alerta que os eventos nos Estados Unidos mostram que a extrema-direita não apenas sobrevive, mas pode se rearticular e retornar com ainda mais força. O senador traça paralelos entre o contexto americano e o brasileiro, destacando que tanto Trump quanto Jair Bolsonaro compartilharam de um estilo de liderança polarizadora, com forte apelo populista e base de apoio ideologicamente engajada.
Na avaliação de Costa, a reeleição de Trump reforça a necessidade de a esquerda brasileira se preparar para um cenário onde o retorno da extrema-direita não apenas é possível, mas também plausível. Ele aponta que, caso Bolsonaro recupere sua elegibilidade, ele pode ser novamente um forte concorrente, trazendo de volta o mesmo projeto de governo derrotado em 2022. Mas, mesmo na ausência do ex-presidente, o senador não descarta o surgimento de novas lideranças capazes de galvanizar o eleitorado conservador e desestabilizar a atual administração.
Essa análise não é apenas um exercício teórico. Para Humberto Costa, é um chamado à ação, à reflexão e ao fortalecimento de estratégias políticas capazes de consolidar os avanços conquistados pelo governo Lula. Ele enfatiza que o cenário internacional deve ser interpretado com seriedade, pois as tendências globais frequentemente ecoam nos contextos locais. A experiência norte-americana demonstra que, mesmo após um aparente declínio, projetos de governo alicerçados em narrativas de extrema-direita podem ressurgir com ainda mais vigor, desafiando os valores democráticos e progressistas.
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