Rocha destacou que, embora marcada pelo cansaço acumulado após anos de intensas lutas e enfrentamentos, a classe trabalhadora segue atenta aos ataques que comprometem direitos historicamente conquistados. O sindicalista atribui a perda de capacidade de mobilização a uma década de sucessivos golpes às estruturas de defesa dos trabalhadores, com destaque para a reforma trabalhista implementada pelo governo Michel Temer, considerada o maior golpe contra o movimento sindical. Para ele, os impactos foram devastadores, fragilizando economicamente os sindicatos, reduzindo o número de sindicalizados e corroendo a imagem das lideranças perante a sociedade.
A necessidade de fortalecer o vínculo entre sindicatos e movimentos populares foi apontada como um caminho para reconstruir a capacidade de organização e articulação. Rocha enfatizou que os ataques direcionados aos sindicatos repercutiram diretamente sobre os movimentos populares, enfraquecendo-os e tornando ainda mais difícil o enfrentamento coletivo. No entanto, em meio à resistência, ele vê esperança em pautas como a redução da jornada de trabalho, que reavivaram o debate sobre direitos e mobilizaram a atenção de diversos setores da sociedade.
A proposta de redução da jornada semanal, atualmente fixada em 44 horas, foi defendida por Rocha como uma medida que transcende os interesses trabalhistas, alcançando benefícios econômicos e sociais amplos. Citando estudos europeus, ele argumentou que a redução não compromete a produtividade e pode, ao contrário, estimular a economia por meio da geração de empregos e do aumento do consumo. Para o dirigente, o impacto positivo se estende à arrecadação previdenciária e ao equilíbrio fiscal do país.
A manifestação no Recife foi descrita como um ato repleto de simbolismo e resistência, com palavras de ordem que ecoaram contra os retrocessos na democracia e nos direitos sociais. No entanto, Rocha também chamou atenção para a necessidade de manutenção dos investimentos públicos em áreas cruciais como saúde e educação, destacando que o governo federal deve permanecer atento às demandas populares.
Outro tema que emergiu com força no Dia Internacional dos Direitos Humanos foi a defesa dos direitos reprodutivos femininos. Organizações feministas trouxeram para as ruas a preocupação com propostas legislativas que ameaçam os direitos garantidos às mulheres, como a PEC 164/2012, que visa restringir o acesso ao aborto legal mesmo nos casos hoje assegurados por lei. Rocha classificou a proposta como uma ameaça grave, especialmente por colocar em risco a vida de meninas e mulheres em situações de extrema vulnerabilidade.
Apesar do desgaste acumulado e dos desafios impostos por um cenário adverso, Paulo Rocha demonstrou confiança na capacidade da classe trabalhadora de reagir e de se reorganizar. Para ele, a resistência, embora fragilizada, permanece ativa, buscando caminhos para reafirmar a luta coletiva e garantir que os direitos fundamentais continuem sendo defendidos, mesmo em tempos de incerteza.
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