quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

DONO DE EMPRESA DE PLACAS SOLARES QUE FOI INSTALADA NO SANTUÁRIO DO MORRO É INDICIADO PELA POLÍCIA CÍVIL

O desabamento do teto do Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, ocorrido em agosto deste ano, deixou marcas profundas na memória dos pernambucanos. Duas vidas foram perdidas e 25 pessoas ficaram feridas em um episódio que abalou a fé e trouxe à tona a importância de uma manutenção rigorosa em estruturas de grande porte. Nesta quarta-feira (11), a Polícia Civil de Pernambuco concluiu as investigações e apresentou os resultados que apontam responsabilidades pelo trágico incidente.

De acordo com o delegado Rafael Duarte, responsável pelo inquérito, o dono da empresa contratada para instalar placas solares no teto do santuário e três de seus funcionários foram indiciados por dois homicídios com dolo eventual e quatro lesões corporais. O delegado destacou que a decisão foi respaldada por provas robustas, incluindo o laudo técnico do Instituto de Criminalística Professor Armando Samico. O documento revelou que a principal causa do desabamento foi a oxidação de parafusos e chumbadores da estrutura metálica do teto, agravada pela infiltração de água, que provocou um alto grau de degradação. Esse cenário comprometia de forma severa a estabilidade da estrutura.

O delegado Rafael Duarte enfatizou que a empresa responsável pela instalação das placas solares não apresentou um laudo técnico elaborado por um profissional habilitado, capaz de prever os danos e riscos existentes. Essa negligência foi considerada crucial para a configuração do dolo eventual. O inquérito também destacou que a degradação da estrutura, somada ao peso adicional das telhas, do forro, da manta asfáltica e das placas solares, agravou o cenário. A ausência de um plano de manutenção preventiva poderia ter evitado a tragédia, conforme reforçado pelo perito criminal Fernando Luiz da Silva, que liderou a elaboração do laudo técnico.

Os trabalhos periciais foram minuciosos e incluíram a análise de materiais recolhidos no local, como parafusos corroídos, além da avaliação de imagens de videomonitoramento. A investigação, que contou com o acompanhamento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), reforçou que o colapso foi resultado de uma combinação de fatores negligenciados ao longo do tempo.

A conclusão do inquérito marca um passo importante para o encaminhamento do caso ao Ministério Público, responsável por dar continuidade às ações judiciais. A Polícia Civil destacou que, com a robustez do material apresentado, o objetivo é garantir que a justiça seja feita, não apenas pelas perdas humanas e físicas, mas também pelos danos psicológicos causados à comunidade. O Santuário do Morro da Conceição, além de ser um marco arquitetônico, carrega um peso simbólico e emocional inestimável para a população, que ainda busca respostas e reparação diante de uma tragédia que poderia ter sido evitada.

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