sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

MAIS DA METADE DOS ALUNOS DO 4° ANO NO BRASIL, NÃO SABEM A TABUADA

O Brasil, ao participar pela primeira vez do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciência (Timss), revelou um cenário preocupante no que diz respeito ao desempenho dos alunos do ensino fundamental. De acordo com os resultados divulgados pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA) nesta quarta-feira, 4 de dezembro de 2024, mais da metade dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (51%) não possuem domínio sobre habilidades matemáticas fundamentais. Essas competências incluem a capacidade de realizar operações básicas como a tabuada, interpretar gráficos simples e realizar operações envolvendo números de três algarismos, como subtrações e adições (exemplo: 200 - 150 ou 300 + 120). Esses estudantes sequer atingem o nível de conhecimento considerado “baixo” na escala do Timss.

Esse resultado coloca o Brasil em uma posição de destaque negativo no ranking global. A média brasileira em matemática foi de 400 pontos, um desempenho significativamente inferior à média geral de 503 pontos entre os 64 países participantes. A diferença é equivalente a um atraso de cerca de três anos escolares em relação a essas nações. Esse desempenho é o reflexo de uma realidade alarmante em termos de educação básica, com crianças do 4º ano demonstrando sérias dificuldades nas competências mais simples, o que pode comprometer seu desenvolvimento acadêmico futuro.

Além da defasagem do 4º ano, o Timss também avaliou o desempenho dos alunos do 8º ano (cerca de 13 anos de idade), e os resultados indicam um cenário igualmente desolador. Mais de 60% dos estudantes brasileiros dessa faixa etária não atingiram nem o patamar mais baixo da escala geral de desempenho. Isso significa que esses alunos não possuem conhecimentos básicos, como a capacidade de identificar formas geométricas simples, como círculos e quadrados, suas representações visuais ou a compreensão de relações proporcionais. Além disso, esses jovens não conseguem determinar o lado de um polígono ou interpretar informações gráficas de forma adequada. A média brasileira neste grupo foi de 378 pontos, abaixo da média global e ultrapassado por países como Irã, Uzbequistão, Chile, Malásia, Arábia Saudita, África do Sul e Jordânia. Entre os 5% de estudantes com piores notas, o desempenho foi ainda mais crítico, com a maior pontuação registrada de apenas 243 pontos, o que indica uma incapacidade quase total de responder às questões do exame.

Os dados do estudo reforçam a tendência já observada em outras avaliações internacionais, como o Pisa, que também revela o atraso do Brasil no ensino fundamental II, especificamente entre alunos de 15 anos. A lacuna no aprendizado é tão evidente que, mesmo após anos de escolaridade, os estudantes chegam ao 8º ano com competências básicas de matemática e ciências defasadas, comprometendo sua formação e suas perspectivas futuras.

No campo das ciências, embora o desempenho tenha sido ligeiramente melhor, ainda é insuficiente. O estudo mostrou que 39% dos alunos do 4º ano do Brasil não conseguem dominar conhecimentos fundamentais sobre o meio ambiente, como informações básicas sobre plantas e animais. A média geral foi de 425 pontos, situando-se entre o nível baixo e intermediário. Para os alunos do 8º ano, os dados indicam que 42% não têm conhecimento sobre conceitos básicos de biologia, como células, tecidos e órgãos, e também não sabem distinguir entre reações químicas e físicas. Curiosamente, conceitos simples, como “o sol provê luz e calor” ou “há sal no oceano”, são desconhecidos por muitos estudantes dessa faixa etária. Nesse grupo, a média foi de 420 pontos, também entre os níveis baixo e intermediário.

Os resultados do Timss de 2024 refletem a realidade de um sistema educacional que enfrenta sérias dificuldades em garantir uma formação mínima de qualidade para suas crianças e jovens. Mesmo com a educação sendo um dos pilares para o desenvolvimento de uma nação, os dados indicam que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para assegurar que seus estudantes dominem as competências mais elementares em matemática e ciências, áreas fundamentais para o avanço acadêmico e profissional. A discrepância no desempenho entre os alunos brasileiros e os de outras nações sublinha as desigualdades do sistema educacional, apontando para a necessidade urgente de reformas profundas na forma como a educação é oferecida no país, com foco na capacitação de professores, melhoria dos recursos didáticos e estratégias mais eficazes de aprendizagem.

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