quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

PROPOSTA DE MENDONÇA QUE LIMITA O PODER DOS BANCOS PÚBLICOS É APROVADA NA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA

A sessão desta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados foi marcada por intensos debates que culminaram na aprovação de uma proposta que promete mudar os rumos do financiamento internacional realizado pelo Governo Federal. De autoria do deputado Mendonça Filho, a PEC do BNDES, identificada como 03/2023, estabelece um novo marco para o uso de recursos públicos, ao exigir que financiamentos concedidos por bancos como o BNDES passem pela análise e aprovação do Congresso Nacional. 

A medida chega como uma resposta às críticas sobre operações realizadas em gestões passadas, que resultaram em prejuízos significativos, como os inadimplentes financiamentos a países como Cuba e Venezuela. Mendonça Filho não escondeu sua satisfação com o resultado e destacou que a proposta representa uma vitória para a responsabilidade fiscal e a transparência. “Não se trata de ideologia, mas de compromisso com o Brasil. Este é um passo fundamental para evitar que recursos do povo brasileiro sejam comprometidos em operações de risco, sem respaldo adequado e sem avaliação criteriosa dos impactos,” afirmou o deputado.

A PEC vinha enfrentando resistência desde que foi apresentada, em 2023, em razão da articulação constante do Governo do PT para barrar a sua tramitação. A batalha política atingiu seu ápice na votação desta quarta-feira, que se prolongou por mais de quatro horas. Apesar dos esforços governistas, a proposta foi aprovada, representando uma derrota significativa para o Executivo e uma demonstração de força dos parlamentares que defendem maior controle sobre as decisões de financiamento internacional.

A argumentação a favor da PEC se concentrou nos erros do passado. Entre 2003 e 2017, o BNDES destinou mais de US$ 10 bilhões para projetos no exterior, muitos em países de alto risco de inadimplência. Esses recursos, segundo Mendonça Filho, poderiam ter sido investidos em setores cruciais para o desenvolvimento interno, como saneamento, habitação e infraestrutura rodoviária. Ele ainda destacou que o objetivo não é apenas evitar calotes, mas também fortalecer o papel do Congresso como guardião dos recursos públicos. “Esta é uma vitória para a democracia, para o equilíbrio entre os poderes e para o cidadão brasileiro, que não pode mais pagar a conta por decisões tomadas sem responsabilidade.”

O próximo passo para a PEC será a análise em uma comissão especial, antes de seguir para os plenários da Câmara e do Senado. Enquanto o texto avança, a medida já provoca reações no cenário político e no mercado, trazendo à tona discussões sobre o papel dos bancos públicos no fomento a projetos internacionais e a necessidade de priorizar investimentos domésticos. A oposição ao governo celebra a aprovação como um marco de controle e transparência, enquanto o Planalto tenta minimizar os impactos, alegando que o texto engessa a política externa e o alcance estratégico do Brasil no cenário global.

O resultado desta votação não é apenas uma mensagem ao Governo Federal, mas também um alerta para a sociedade sobre a importância da fiscalização e do uso criterioso dos recursos públicos. A proposta ainda enfrenta um longo caminho antes de se tornar parte da Constituição, mas sua aprovação na CCJ já provoca uma reflexão sobre o equilíbrio entre ideologia, pragmatismo e responsabilidade no manejo das finanças públicas.

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