sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

AINDA A REPERCUSSÃO POLÍTICA DO PIX AUMENTOU O CLIMA DE POLARIZAÇÃO

A revogação da medida do Governo Federal que ampliava a fiscalização sobre transações via Pix foi cercada de intensos embates nas redes sociais, evidenciando a força das narrativas políticas em tempos digitais. O episódio, marcado por grande repercussão, colocou o Palácio do Planalto em desvantagem no confronto de opiniões e estratégias de comunicação. Um levantamento realizado pela consultoria Bites revelou a dimensão do impacto: enquanto os vídeos publicados por deputados do PL geraram 4,6 milhões de interações, os conteúdos da base governista atingiram um modesto número de 218 mil.

Um dos pontos de maior tensão ocorreu quando o deputado federal Nikolas Ferreira, do PL-MG, publicou um vídeo que ultrapassou a marca de 200 milhões de visualizações, colocando em xeque as intenções do governo em relação à regulamentação do Pix. Apesar de a medida não prever taxação, Ferreira insinuou que esse seria o próximo passo, afirmando que o governo prejudicaria trabalhadores informais com as novas regras. A repercussão foi imediata, levando o deputado Guilherme Boulos, do PSOL-SP, a anunciar que pretende acionar judicialmente o colega por disseminação de informações falsas.

A reação do governo veio na forma de um recuo estratégico. A decisão de revogar a medida foi defendida por membros da base aliada como uma tentativa de conter os danos causados pela desinformação. Para o deputado estadual João Paulo Lima e Silva, do PT, o episódio foi uma vitória da direita no campo das narrativas, embora a revogação tenha sido vista como um ato necessário para evitar mais prejuízos ao sistema de pagamento digital. Ele destacou o impacto das chamadas fake news e a importância de se avaliar o potencial destrutivo de informações distorcidas.

A vereadora do Recife, Kari Santos, também do PT, reforçou a posição de que a revogação reflete a preocupação do governo em preservar o debate parlamentar sobre a regulamentação financeira, evitando que fosse contaminado por desinformações. No entanto, para a oposição, o episódio trouxe outra leitura. O deputado estadual Renato Antunes, do PL, apontou a revogação como um reflexo de falta de convicção e criticou a equipe econômica pela má condução da proposta. Segundo ele, a comunicação falha do governo abriu espaço para que a narrativa contrária ganhasse força, o que culminou no recuo.

Essa percepção também foi compartilhada pelo vereador recifense Thiago Medina, que destacou a força das redes sociais na mobilização contra a medida. Ele questionou a postura do governo, que inicialmente classificou as críticas como fake news, mas acabou revogando a decisão. Para Medina, o recuo foi uma demonstração de fraqueza e falta de estratégia.

O episódio deixa em evidência não apenas as disputas políticas e ideológicas em torno da medida, mas também a complexidade de um ambiente digital onde a velocidade das informações desafia a capacidade do governo de se comunicar de forma clara e eficaz com a população. A força das redes sociais se consolida como um elemento crucial na formação de opiniões, redefinindo os caminhos e os desafios da política contemporânea. 

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