quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

LIRA ARTICULA PARA SER MINISTRO DA AGRICULTURA

A iminente reforma ministerial no governo Lula em 2025 tem provocado movimentações intensas nos bastidores políticos, especialmente no que diz respeito ao comando do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados e futuro ex-presidente da Casa a partir de 3 de fevereiro, já estaria se articulando para assumir a pasta. Segundo fontes, o deputado do PP-AL vê no Mapa uma oportunidade de manter e expandir seu poder político, além de controlar os cerca de R$ 500 milhões em emendas parlamentares, o que é considerado estratégico.

No entanto, Lira enfrenta resistência significativa. O PSD, partido que atualmente ocupa a pasta com Carlos Fávaro, tem deixado claro seu desejo de manter o controle do Ministério. A bancada do PSD, que conta com 44 deputados federais, possui grande influência dentro do Congresso e, por isso, a mudança no comando da Agricultura geraria uma disputa acirrada. “Se for para trocar [o comando do Ministério da Agricultura] por Arthur Lira, seria bom, mas acho que o PSD não vai abrir mão de um ministério importante como esse”, comentou Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

A resistência do PSD à mudança não se limita apenas à manutenção de sua influência sobre a pasta. O partido já discute possíveis alternativas para garantir seu espaço caso Carlos Fávaro seja substituído. Entre os nomes cogitados, o de André de Paula, atual ministro da Pesca e deputado federal por Pernambuco, surge como uma opção de consenso. Ele possui bom trânsito político tanto com parlamentares quanto dentro do setor agropecuário, o que o torna uma escolha natural para suceder Fávaro, caso o partido opte por manter sua participação no Mapa. Outros nomes também estão em pauta, como os deputados Hugo Leal e Pedro Paulo, ambos da bancada fluminense, que contam com o apoio do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

A situação de Carlos Fávaro, que também é agropecuarista e tem uma trajetória consolidada no setor, é marcada por uma pressão crescente em função das articulações de Lira. Além disso, Fávaro tem enfrentado críticas internas dentro do próprio governo, especialmente após a derrota de sua filha, Rafaela Fávaro, nas eleições municipais em Cuiabá. Mesmo com uma sólida base no setor agropecuário, sua posição dentro do governo tem sido questionada, o que coloca em xeque sua permanência à frente do Ministério da Agricultura.

Enquanto as articulações seguem nos bastidores, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também tem se manifestado de forma cautelosa. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), integrante da FPA, destacou a importância de escolher alguém que tenha uma boa convivência com o setor agropecuário e que saiba dialogar com os parlamentares. Ele ainda afirmou que a frente não estaria disposta a apoiar a situação de Fávaro caso o governo opte por manter o atual ministro.

Em meio a essas movimentações, a posição do PSD e as articulações de Lira continuam sendo um ponto crucial nas discussões sobre a reforma ministerial. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, optou por não comentar as especulações, e a assessoria de Arthur Lira informou que o deputado está afastado devido ao falecimento de seu pai e, por isso, não comentaria sobre uma possível nomeação para o ministério.

O desenrolar dessa disputa por uma pasta tão estratégica como a Agricultura certamente terá reflexos diretos nas articulações políticas de Lula e na dinâmica entre os partidos que compõem sua base de apoio no Congresso. A decisão sobre quem ocupará o Ministério da Agricultura em 2025 será um dos elementos decisivos para a manutenção do equilíbrio político e para o fortalecimento da base governista.

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