A posse de Júnior do Habitat-PE como vereador de Igarassu trouxe consigo uma declaração que ecoou não apenas no plenário, mas em toda a cidade e além. Seu discurso, marcado por palavras carregadas de propósito, traçou o início de um mandato que promete redefinir os parâmetros da política local. Ao anunciar que destinará seu salário líquido para projetos sociais, Júnior do Habitat-PE resgatou a essência de um serviço público voltado verdadeiramente ao povo, afastando-se da lógica tradicional que tantas vezes parece esquecer a função primordial de um mandato eletivo.
Em suas palavras, não foi apenas a promessa que marcou a ocasião, mas também a evocação de um legado histórico. Ao citar José Mariano Carneiro da Cunha, figura emblemática na luta pela abolição da escravatura, o vereador situou sua decisão em um contexto maior, apontando para a continuidade de uma batalha contra injustiças estruturais. Foi um momento em que passado e presente se cruzaram, conferindo à sua proposta uma dimensão que transcende o imediato.
Desde 2016, quando fundou a ONG Habitat-PE, Júnior tem caminhado entre os mais vulneráveis, enfrentando o que descreve como “crime organizado” nos registros fraudulentos de imóveis. Sem auxílio estatal, utilizando seus próprios recursos, ele financiou ações que protegeram o direito à moradia de centenas de famílias na Região Metropolitana do Recife. Agora, como vereador, amplia seu alcance e formaliza seu compromisso em prol da regularização fundiária, canalizando para isso seu salário, sua experiência e sua força de trabalho.
Os números apresentados impressionam. Uma regularização fundiária, que usualmente custa cerca de R$ 8.000,00 por família, será realizada de forma que os recursos de um ano possam atender até 300 famílias, em vez das 15 inicialmente previstas. Júnior garantiu que, ao final de cada ano, prestará contas detalhadas das ações realizadas, reforçando seu compromisso com a transparência e a responsabilidade pública.
A repercussão foi imediata. Pelas redes sociais, mensagens de esperança começaram a se multiplicar, enquanto pedidos de apoio já ocupam as plataformas digitais do vereador. A expectativa é grande, e as famílias que antes viam um futuro incerto agora começam a vislumbrar possibilidades concretas de segurança e dignidade.
Em um cenário político frequentemente marcado por ceticismo, a decisão de Júnior do Habitat-PE desponta como um marco. Mais do que um gesto, trata-se de um manifesto que coloca em evidência o que um mandato pode significar quando a prioridade está alinhada às demandas reais da população.
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