quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

AS CHUVAS DESAFIADORAS DE FEVEREIRO EM PERNAMBUCO

A chegada de fevereiro trouxe para Pernambuco um alerta já conhecido, mas que a cada ano reaparece com uma força ainda mais avassaladora. As chuvas intensas que caíram nos últimos dias escancararam novamente as fragilidades da infraestrutura urbana, principalmente na Região Metropolitana do Recife, onde a combinação de precipitações volumosas, moradias em áreas de risco e deficiências no sistema de drenagem criam um cenário previsível, mas nem por isso menos trágico. Para muitos gestores municipais, especialmente os reeleitos, o desafio de lidar com o impacto das chuvas resgata lembranças do que ocorreu em 2022, quando Pernambuco enfrentou um dos mais devastadores episódios de enchentes e deslizamentos de terra, deixando centenas de mortos e milhares de desabrigados.  

No Recife, João Campos (PSB) já havia se tornado um rosto associado a operações emergenciais desde seu primeiro mandato, quando as imagens de ruas alagadas, desmoronamentos e famílias sendo resgatadas por botes dominaram o noticiário. Em Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL) também viu de perto a força das águas, herdando um município historicamente vulnerável e com um histórico de problemas estruturais. Agora, menos de um mês após suas posses para novos mandatos, ambos voltam a enfrentar a fúria das chuvas e a pressão popular por soluções que, até agora, parecem insuficientes.  

As precipitações dos últimos dias já causaram estragos significativos, com registros de deslizamentos e alagamentos em diversas áreas da capital e cidades vizinhas. Em Camaragibe, município conhecido pela grande quantidade de moradias construídas em encostas, o cenário de risco se concretizou mais uma vez com a confirmação de uma morte. No Recife, duas vidas também foram perdidas, reforçando a vulnerabilidade de muitas comunidades diante das intempéries. As ruas alagadas, os canais transbordando e o desespero de quem vê sua casa sendo invadida pela água ou pela lama se repetem como um ciclo sem solução definitiva.  

As ações emergenciais das prefeituras incluem o acionamento de equipes da Defesa Civil, a abertura de abrigos provisórios e a tentativa de desobstrução de canais e galerias, mas os esforços parecem sempre chegar tarde demais ou serem insuficientes diante da magnitude do problema. Moradores de áreas críticas relatam que os pedidos de melhorias e obras estruturais se acumulam sem respostas efetivas, enquanto as promessas de investimentos em macrodrenagem e contenção de encostas ainda estão longe de sair do papel.  

A previsão meteorológica ainda aponta para dias de chuva intensa, elevando a preocupação de autoridades e da população. Para os gestores municipais, cada novo episódio de alagamento e deslizamento representa não apenas um teste de capacidade administrativa, mas também uma lembrança constante de que as mesmas cenas continuarão a se repetir enquanto soluções definitivas não forem implementadas.

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