terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

MPPE PEDE A JUSTIÇA QUE POLICIAIS DO BOPE SEJAM LEVADOS A JÚRI POPULAR POR 2 MORTES

MPPE pede à Justiça que policiais do Bope sejam levados a júri popular por 2 mortes
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu à Justiça que seis policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) sejam levados a júri popular pelas mortes de dois homens na comunidade do Detran, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. A defesa dos réus, presos preventivamente, ainda vai apresentar as alegações finais.

A coluna Segurança teve acesso com exclusividade ao documento de 132 páginas assinado por um grupo formado por cinco promotores do MPPE, na última semana. O conteúdo rebate a versão dos réus e da investigação da Polícia Civil que aponta para uma ação de legítima defesa. Além disso, recomenda à Justiça que os PMs sejam mantidos presos. 

O documento destaca que, na noite de 20 de novembro de 2023, os policiais deveriam ter se dirigido para a sede do 11º Batalhão, no bairro de Apipucos, mas mudaram de rota, em três viaturas após receberem uma denúncia de que suspeitos de tráfico de drogas estariam na comunidade do Detran. 

Uma câmera de segurança flagrou o momento em que os PMs invadiram a residência e, pouco depois, mulheres e crianças deixaram o imóvel. Depois disso, os tiros foram disparados contra Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, 32. 

Em depoimentos, os PMs alegaram que a dupla estaria armada e que teria reagido à abordagem. Já testemunhas contaram que as vítimas não reagiram e que estavam ajoelhadas no momento em que foram atingidas pelos tiros.

Os dois homens foram levados, enrolados em lençóis, para uma viatura, que seguiu para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá. Um laudo assinado pela médica plantonista apontou que eles já chegaram mortos.

Para o MPPE, os policiais tinham conhecimento do óbito, mas decidiram "forjar" socorro às vítimas, além de alterar o cenário e dificultar o trabalho dos investigadores.

"Chocante observar as vítimas sendo retiradas em um lençol. A primeira por dois policiais, deixada na mala da viatura que aparece na via, em frente à residência, entre outras duas viaturas. O lençol é arrastado debaixo do corpo e há um intervalo de tempo, sem qualquer necessidade de vigília", descreveu o MPPE. 

"Depois surgem três policiais transportando a segunda vítima, no mesmo lençol, sendo seus corpos empilhados e mantidos no mesmo espaço da mala, e depois a gaiola e a tampa são fechadas e as imagens são de policiais circulando, sem pressa e sem que o alegado socorro seja efetivamente prestado", completou. 

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