Desde a última quarta-feira, Recife tem enfrentado um volume de chuvas sem precedentes para o mês de fevereiro, colocando a cidade em estado de alerta máximo. Em apenas 24 horas, o acumulado de precipitação chegou a quase 200 milímetros, o maior já registrado na capital pernambucana neste período do ano. Para efeito de comparação, a média histórica de chuvas para todo o mês de fevereiro é de 91,4 milímetros, e o recorde anterior para um único dia havia sido registrado em 2009, quando o volume atingiu 122,8 milímetros. A intensidade das precipitações causou alagamentos, deslizamentos e uma série de transtornos em diversas regiões da cidade.
Com a cidade enfrentando as consequências desse fenômeno climático extremo, a Prefeitura do Recife mobilizou uma força-tarefa composta por 2.300 profissionais de diferentes secretarias e órgãos municipais. A Defesa Civil, um dos principais setores envolvidos na resposta à crise, tem atuado em ritmo acelerado para atender as ocorrências relacionadas aos impactos das chuvas. Desde o início do temporal, foram registradas 385 chamadas, das quais 20 apenas na manhã desta quinta-feira. Grande parte das solicitações envolve a colocação de lonas plásticas em áreas de risco e a realização de vistorias em encostas e morros que apresentam sinais de instabilidade. Uma das ocorrências mais graves aconteceu no bairro de Passarinho, na Zona Norte da cidade, onde uma barreira deslizou na Rua Córrego da Bica, atingindo uma residência e resultando na morte de duas mulheres.
Os deslizamentos de terra não foram os únicos problemas causados pelas fortes chuvas. A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) recebeu 63 chamados para quedas de árvores e galhos, uma consequência direta do solo encharcado e dos ventos que acompanharam a precipitação intensa. Dos chamados atendidos, 56 já foram resolvidos e sete ainda estavam em andamento ao longo da manhã. No trânsito, a situação também exigiu medidas emergenciais. A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) precisou interditar três importantes vias da cidade devido a alagamentos e quedas de árvores: a Avenida Recife, na altura da entrada do Ibura; a Avenida Dois Rios, nas proximidades da Vila do Sesi; e a Avenida João de Barros, que precisou ser bloqueada no cruzamento com a Rua da Hora para que a empresa responsável pela distribuição de energia elétrica pudesse atuar na remoção de uma árvore que caiu sobre a rede elétrica.
Diante da gravidade da situação, a administração municipal adotou uma série de medidas preventivas e emergenciais para minimizar os riscos e proteger a população. Os serviços não essenciais foram suspensos, reduzindo a circulação de pessoas nas ruas e permitindo que as equipes de resgate e manutenção trabalhassem com maior eficiência. As aulas na rede municipal de ensino também foram canceladas, garantindo a segurança de alunos e profissionais da educação, já que muitas escolas enfrentam dificuldades estruturais durante períodos de chuvas intensas e algumas regiões da cidade apresentaram dificuldades de acesso devido aos alagamentos.
A previsão meteorológica aponta para uma redução gradual no volume de chuvas nas próximas horas, mas o risco de novos incidentes ainda é alto devido à saturação do solo. Com o terreno encharcado, o perigo de deslizamentos de barreiras permanece elevado, especialmente em áreas de morro. Por isso, a Prefeitura do Recife reforça a recomendação para que os moradores dessas localidades evitem permanecer em locais vulneráveis e, caso percebam sinais de movimentação do solo, rachaduras ou árvores inclinadas, entrem em contato imediatamente com a Defesa Civil. O órgão segue operando em regime de plantão e pode ser acionado a qualquer momento pelo telefone 0800-081-3400.
Nenhum comentário:
Postar um comentário