CÂMARA DOS DEPUTADOS NÃO TERÁ INTEGRANTE DA FAMILIA BOLSONARO PELA PEIMEIRA VEZ EM 34 ANOS

A decisão de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de se licenciar do cargo de deputado federal representa um marco inédito na política brasileira. Pela primeira vez em 34 anos, a Câmara dos Deputados ficará sem um representante da família Bolsonaro, encerrando uma sequência ininterrupta de presença parlamentar iniciada por Jair Bolsonaro em 1991. O deputado anunciou na terça-feira (18) que permanecerá nos Estados Unidos para “focar na luta por punições justas” ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, sem detalhar quando ou se pretende retornar às atividades legislativas.  

Jair Bolsonaro ingressou na Câmara dos Deputados pela primeira vez há mais de três décadas e permaneceu como parlamentar até 2019, quando tomou posse como presidente da República. Durante esse período, construiu sua base política e consolidou seu nome entre eleitores conservadores. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, seguiu os passos do pai e foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2014, sendo reeleito em 2018 e novamente em 2022, conquistando a maior votação para o cargo no Brasil naquele ano. Seu atual mandato iria até 2027, mas a licença interrompe sua participação no Congresso Nacional, deixando o Partido Liberal sem um de seus principais articuladores na Câmara.  

A ausência de Eduardo Bolsonaro do cenário legislativo ocorre em meio a um contexto de tensão entre o bolsonarismo e o Supremo Tribunal Federal. Nos últimos anos, o ministro Alexandre de Moraes tem sido um dos principais alvos de críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados, devido a decisões que envolvem investigações sobre fake news, atos antidemocráticos e possíveis articulações golpistas. O agora licenciado deputado já havia manifestado diversas vezes sua insatisfação com a atuação do STF e, ao anunciar sua permanência nos Estados Unidos, reforçou que pretende direcionar seus esforços para pressionar por mudanças e responsabilizações no Judiciário brasileiro.  

A saída de Eduardo Bolsonaro da Câmara pode impactar a dinâmica da oposição ao governo Lula no Congresso, onde ele se destacava por discursos combativos e articulações em pautas conservadoras. Sem um membro direto da família Bolsonaro no parlamento, outras figuras do PL, como Nikolas Ferreira (MG) e Carla Zambelli (SP) (Poderá  ser cassada também) devem ocupar maior protagonismo no embate político contra o governo petista e na defesa dos interesses da direita. O deputado também era um dos principais representantes da bancada da segurança pública e um dos nomes mais próximos da base bolsonarista internacional, tendo contatos com líderes e grupos conservadores dos Estados Unidos e de outros países.  

A decisão de Eduardo Bolsonaro de se afastar do mandato ocorre enquanto Jair Bolsonaro enfrenta processos na Justiça Eleitoral e investigações sobre sua conduta durante e após seu governo. A licença do deputado paulista pode ser interpretada como parte de uma estratégia mais ampla do clã Bolsonaro para atuar fora das instituições formais do Brasil e buscar apoio internacional, especialmente nos Estados Unidos, onde o ex-presidente mantém relação com setores conservadores e políticos alinhados à sua visão.