terça-feira, 25 de março de 2025

CIENTISTA ELIMINAM TRISSOMIA CROMOSSOMO 21, ABRINDO CAMINHO PARA TRATAMENTO DA SÍNDROME DE DOWN

Pesquisadores japoneses deram um passo significativo no estudo da Síndrome de Down ao conseguirem eliminar a trissomia do cromossomo 21 em células cultivadas em laboratório. O avanço foi alcançado por cientistas da Universidade de Medicina de Mie e da Universidade de Saúde de Fujita, que utilizaram a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 para remover a cópia extra do cromossomo, restabelecendo o equilíbrio na expressão genética das células analisadas. Esse feito representa um avanço promissor na busca por terapias genéticas voltadas para essa condição, que afeta milhares de pessoas no mundo.  

A Síndrome de Down é causada pela presença de um cromossomo 21 extra em todas ou na maioria das células do organismo, fenômeno que ocorre durante a divisão celular, geralmente na formação do óvulo ou do espermatozoide. Essa alteração genética resulta em um conjunto característico de condições que afetam o desenvolvimento físico e cognitivo dos indivíduos. No estudo conduzido pelos pesquisadores japoneses, células derivadas de fibroblastos da pele e células-tronco pluripotentes induzidas foram submetidas à edição genética para que a cópia extra do cromossomo 21 fosse removida, sem afetar as cópias herdadas dos pais. O procedimento demonstrou ser eficaz ao restabelecer a expressão genética normal, sugerindo uma nova possibilidade para abordagens terapêuticas no futuro.  

Apesar do avanço, o método ainda se encontra em estágio inicial e longe de ser testado clinicamente em humanos. Estudos adicionais são necessários para garantir que a remoção do cromossomo extra ocorra sem causar danos colaterais ao material genético das células. A edição genética, mesmo com o alto nível de precisão proporcionado pelo CRISPR-Cas9, pode apresentar riscos caso não seja aplicada corretamente, levando a mutações indesejadas ou à perda de informações genéticas essenciais. Dessa forma, a comunidade científica destaca a importância de mais pesquisas para aprimorar a segurança da técnica antes que ela possa ser considerada para possíveis tratamentos.  

Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados em 2019, a Síndrome de Down afeta aproximadamente um a cada 700 nascimentos no Brasil, totalizando cerca de 270 mil pessoas. A prevalência nacional da síndrome é estimada em 4,16 casos para cada 10 mil nascidos vivos, segundo registros do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. As regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores taxas, com 5,48 e 5,03 casos por 10 mil nascidos vivos, respectivamente. Esses números reforçam a relevância de estudos voltados para compreender melhor a condição e, eventualmente, desenvolver abordagens que possam melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com a síndrome.  

O estudo japonês surge em meio a um cenário de crescente interesse por técnicas de edição genética, que vêm sendo amplamente discutidas na ciência devido ao seu potencial de corrigir mutações associadas a diversas doenças genéticas. O CRISPR-Cas9, em especial, revolucionou esse campo ao permitir modificações precisas no DNA de células humanas, gerando expectativas quanto ao desenvolvimento de terapias mais eficazes para diferentes condições. No entanto, questões éticas e de segurança ainda precisam ser amplamente debatidas antes que avanços como o obtido pelos pesquisadores japoneses possam ser aplicados em escala clínica.

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