A jovem chegou a Arcoverde por volta das 2h da manhã do domingo, 20 de abril. Na triagem inicial, já apresentava 7 cm de dilatação. Segundo relatos da família, mesmo diante de sinais claros de que o parto normal não evoluía de forma segura — devido à ausência de passagem adequada e à lentidão das contrações — os profissionais insistiram no procedimento, alegando que seria possível realizar o parto vaginal. A família afirma que, apesar de alertar para o histórico da paciente e demonstrar preocupação com o sofrimento fetal, não foi ouvida. Em vez de uma cesariana, o parto foi conduzido de forma natural, o que teria agravado ainda mais o estado do bebê. Quando finalmente nasceu, o recém-nascido estava desacordado, com sinais de asfixia, e precisou ser levado imediatamente para a UTI neonatal.
Na unidade intensiva, a situação continuou a se agravar. A criança foi entubada e monitorada, mas apresentava poucas reações. De acordo com familiares, a equipe do hospital reconheceu que o quadro era grave e chegou a solicitar nova transferência para uma unidade com melhores condições de suporte. No entanto, o processo de regulação não teria sido concluído e a senha para essa transferência nunca foi emitida — mesmo após sucessivos pedidos desde o domingo. A espera angustiante durou até a manhã da quarta-feira, 23 de abril, quando o bebê não resistiu e faleceu, deixando a mãe em estado de choque e toda a família mergulhada em dor.
A prima de Eline, responsável por tornar o caso público, procurou a imprensa e denunciou que esse tipo de situação tem se tornado cada vez mais frequente no hospital de Arcoverde. Segundo ela, outras famílias também teriam perdido filhos em circunstâncias semelhantes. A denúncia levanta questionamentos sobre a conduta médica, a ausência de protocolos adequados, a demora no processo de regulação de vagas e a falta de uma estrutura efetiva para atender partos de risco. A familiar reforça que Eline chegou ao hospital com tempo hábil para a realização de uma cesariana, mas, ainda assim, foi submetida a um procedimento considerado arriscado para o seu caso clínico. O bebê, que nasceu com sinais de sofrimento severo, não teve sequer a chance de lutar pela vida em um ambiente que garantisse suporte avançado.
A morte gerou grande comoção em Caetés, especialmente entre os moradores da zona rural, que se sentem constantemente desamparados pelo sistema público de saúde. Além da dor da perda, a família agora cobra explicações das autoridades estaduais e do próprio hospital. O caso reacende o debate sobre as desigualdades no atendimento à população rural, que além das dificuldades geográficas, enfrenta falhas graves de gestão e assistência. A denúncia já chegou ao conhecimento da imprensa regional, e o portal Agreste em Alerta acompanha de perto todos os desdobramentos, buscando posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde e da direção do hospital. Familiares da jovem afirmam que buscarão justiça até as últimas consequências, para que outras mães não passem pela mesma dor devastadora que hoje abate Eline e sua comunidade.
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