Em busca de soluções para a carência de profissionais especializados no interior de Pernambuco, a deputada estadual Débora Almeida (PSDB) levou à Universidade de Pernambuco (UPE) um pleito que pode transformar a realidade de centenas de famílias em municípios afastados dos grandes centros. Em reunião com a reitora da instituição, Socorro Cavalcanti, a parlamentar defendeu a criação dos cursos de graduação em Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional fora da capital, proposta que visa enfrentar diretamente a escassez desses profissionais em diversas regiões do Estado. A iniciativa surge após relatos recorrentes de mães e educadores que denunciam a dificuldade em garantir atendimento adequado a crianças com necessidades especiais, especialmente na rede pública municipal de saúde e educação. Em muitos casos, mesmo com recursos disponíveis pelas prefeituras, não há como contratar profissionais porque eles simplesmente não existem em número suficiente nos municípios. A ausência de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais compromete o diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndromes genéticas e outros transtornos do desenvolvimento.
Débora Almeida tem percorrido cidades do Agreste e do Sertão e, segundo ela, escutado com frequência a angústia de mães que não conseguem acesso a atendimentos básicos, como avaliações, reabilitação e acompanhamento multidisciplinar. A parlamentar vê na universidade pública um caminho concreto para modificar esse cenário. Para ela, a criação de polos de formação no interior não apenas aproxima os estudantes do ensino superior, mas também aumenta as chances de fixação desses profissionais nas cidades onde se formam, contribuindo para o fortalecimento dos serviços de saúde e educação locais. O encontro com a reitora resultou no protocolo formal da demanda, que agora segue para análise técnica da instituição. A deputada já adiantou que pretende também apresentar o projeto à governadora Raquel Lyra, com quem planeja uma reunião para reforçar a importância estratégica da proposta. O foco, segundo Débora, é assegurar que as crianças atípicas tenham mais oportunidades de tratamento e inclusão, e que as famílias não precisem mais se deslocar por horas até os centros urbanos em busca de um atendimento especializado.
A proposta representa, na visão da parlamentar, uma medida de equidade social que responde a um dos maiores gargalos da assistência infantil no interior: a ausência de políticas públicas direcionadas ao cuidado integral de crianças neurodivergentes. Em paralelo à articulação política, Débora também pretende envolver conselhos municipais de saúde, representantes de associações de pais e profissionais da área para reforçar a mobilização em torno da causa. Em tempos de debate sobre regionalização da saúde e democratização do ensino superior, a pauta ganha força e desperta o interesse de gestores educacionais e sanitários. A UPE, por sua vez, se comprometeu a estudar a viabilidade da instalação dos cursos e a considerar, dentro de seu planejamento de expansão, regiões com maior déficit de cobertura assistencial e potencial de demanda. Para a deputada, a mudança só virá com investimento estruturado em formação profissional, interiorização do conhecimento e reconhecimento das demandas reais da população. Ela defende que o acesso ao tratamento especializado não pode ser privilégio das capitais, e que cada criança pernambucana, independente do município em que nasceu, deve ter garantido o direito ao desenvolvimento pleno.
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