Demolição de barraca em Terezinha causa revolta e expõe autoritarismo da gestão municipal
Na pequena cidade de Terezinha, no Agreste pernambucano, uma cena marcada por revolta e indignação popular tomou conta da BR que corta o município, na manhã da segunda-feira, dia 31. Sob ordens diretas do prefeito Arnóbio Gomes, máquinas da Prefeitura, acompanhadas por servidores públicos, chegaram ao local onde funcionava há cinco anos a barraca “Top Lanches”, ponto tradicional que servia café da manhã, almoço, jantar e lanches 24 horas por dia, atendendo motoristas, trabalhadores rurais, caminhoneiros e moradores da região. O estabelecimento era administrado por Sérgio Roberto e empregava cinco pessoas, oferecendo não apenas alimento, mas sustento para famílias que hoje se veem sem rumo, em uma cidade com poucas ou quase nenhuma oportunidade de trabalho.
A operação de remoção, conduzida de forma brusca, começou logo cedo, sem que houvesse diálogo real ou tentativa de conciliação por parte da gestão municipal. Apenas três dias antes, o proprietário havia sido notificado verbalmente de que precisava desocupar a área. Sem alternativa viável, por não dispor de um novo espaço nem condições para reinstalar seu negócio em tão pouco tempo, Sérgio Roberto viu seu esforço de anos ser desmontado em minutos por uma retroescavadeira, enquanto funcionários da Prefeitura retiravam equipamentos, mercadorias e alimentos, carregando-os para caminhões da própria administração pública. A estrutura foi totalmente destruída, sob olhares perplexos de vizinhos e clientes que acompanhavam a cena com lágrimas nos olhos e revolta no peito.
A barraca havia se consolidado como um ponto de apoio importante, especialmente em uma cidade onde a informalidade representa uma das únicas saídas para quem deseja trabalhar com dignidade. Com um faturamento modesto, mas regular, e salários mensais acima de R$ 1.300,00 pagos aos seus funcionários, o espaço era considerado uma referência não apenas por sua comida simples e acessível, mas pelo acolhimento e pela rotina que oferecia aos trabalhadores da região. De madrugada, era comum ver caminhoneiros estacionando para um café quente. À tarde, trabalhadores rurais faziam do local sua parada certa após o batente no campo.
A população ficou estarrecida com a postura do prefeito, vista como truculenta e desproporcional. Muitos classificaram a ação como autoritária e apontaram que a gestão de Arnóbio Gomes, que assumiu recentemente a Prefeitura, tem adotado uma conduta de imposição e silêncio, tentando controlar vozes críticas e manifestações populares. O caso da “Top Lanches” tornou-se símbolo de um sentimento coletivo de medo e indignação, refletido em conversas nas ruas, nas redes sociais e até nos pequenos comércios da cidade, que temem agora sofrer represálias ou ações semelhantes.
O impacto da demolição vai além da estrutura física da barraca. Trata-se da interrupção abrupta de uma rotina construída com esforço e suor diário, num contexto em que cada oportunidade de trabalho conta, e em que pequenos negócios significam sobrevivência. A decisão da Prefeitura de usar a força pública para desarticular uma atividade que há anos prestava serviço à comunidade, sem qualquer alternativa concreta apresentada ao comerciante, gerou não apenas prejuízo financeiro, mas uma ferida aberta na confiança da população em seus representantes.
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