A audiência realizada na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, transformou-se em palco de tensão e tumulto, quando um embate verbal entre os deputados federais Gilvan da Federal (PL-ES) e Lindbergh Faria (PT-RJ) quase evoluiu para uma agressão física. O episódio aconteceu durante a oitiva do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, chamado ao colegiado para prestar esclarecimentos sobre o planejamento da sua pasta para o ano de 2025 e explicar declarações recentes que causaram reações no Congresso. A reunião, que já se desenhava tensa pela pauta e pelo clima político, acabou sendo marcada pelo confronto entre os dois parlamentares, que trocaram insultos diante da imprensa e dos colegas presentes.
O estopim da confusão foi a fala de Lindbergh, que ao dirigir-se a Gilvan da Federal, um dos mais fervorosos representantes da ala bolsonarista na Casa, o classificou como "desqualificado", em tom elevado e gestos que inflamaram ainda mais o ambiente. Imediatamente, Gilvan se levantou de sua cadeira, visivelmente exaltado, e avançou na direção do petista, que também deixou o assento e encarou o adversário político de forma desafiadora. Os dois, com dedos em riste, passaram a se acusar mutuamente, com palavras pesadas como "bandido", "ladrão" e "baixe sua bola", num claro descontrole emocional que obrigou outros parlamentares a intervir para impedir que o entrevero escalasse para vias de fato.
O presidente da comissão, Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), autor do requerimento que convocou a audiência, precisou suspender a sessão por alguns minutos para que os ânimos se acalmassem. Deputados de diferentes partidos, incluindo aliados e opositores do governo, se apressaram em formar um cordão humano entre Lindbergh e Gilvan, evitando que o confronto passasse das palavras para a agressão física. A cena causou constrangimento, mas também virou combustível para a já acirrada disputa entre governistas e opositores, com ambos os lados trocando acusações sobre quem teria iniciado o tumulto e quem teria extrapolado os limites do decoro parlamentar.
Enquanto a confusão se desenrolava, o ministro Lewandowski manteve-se em silêncio, com expressão séria, aguardando o restabelecimento da ordem para continuar sua explanação. O episódio expôs a fragilidade do ambiente na comissão, que nos últimos meses tem se tornado um dos principais palcos de embates entre bolsonaristas e parlamentares da base do governo Lula. A reunião, que tinha como foco discutir temas relevantes da segurança pública, acabou ofuscada pelo espetáculo protagonizado pelos dois deputados, que agora devem responder a questionamentos no Conselho de Ética da Casa, diante das imagens que circularam amplamente nas redes sociais e nos veículos de comunicação.
Apesar da tentativa de retomada dos trabalhos, o clima permaneceu carregado até o fim da audiência. Alguns parlamentares, inclusive, deixaram o plenário em protesto contra o que chamaram de "baixaria" e "triste espetáculo". Nos bastidores, o episódio repercutiu com força, com lideranças partidárias avaliando a necessidade de medidas mais duras para conter os excessos e preservar o mínimo de civilidade nos debates legislativos. Para muitos, a troca de ofensas entre Gilvan da Federal e Lindbergh Faria sintetizou o nível de radicalização que domina parte do Congresso e que, ao invés de contribuir para o debate público, amplia ainda mais a polarização política no país.
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