quinta-feira, 17 de abril de 2025

MANOBRA DE GUILA ESVAZIA SESSÃO DA CÂMARA DE PESQUEIRA

Na última terça-feira, 15 de abril, um movimento silencioso, porém articulado, impediu a realização de uma sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Pesqueira, que tinha como foco principal discutir denúncias envolvendo supostas fraudes em processos licitatórios no município. No centro dessa articulação, está o presidente da Casa Legislativa Anísio Galvão, vereador Guilherme Araújo, mais conhecido como Guila. O parlamentar teria utilizado sua influência política para esvaziar a sessão, agindo nos bastidores com telefonemas diretos aos colegas de plenário. A orientação passada por Guila não foi um simples pedido: ele exigiu, com mão de ferro, que os vereadores aliados se ausentassem da sessão, impedindo assim o quórum necessário para que qualquer deliberação ocorresse.

A estratégia teria como objetivo evitar que a sessão avançasse em temas sensíveis, especialmente a situação dos vereadores Pastinha e Sil Xukuru, aliados próximos de Guila. Ambos estão atualmente afastados das atividades parlamentares devido a investigações envolvendo crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Embora ainda não tenham perdido o mandato, um detalhe do regimento interno da Câmara acende o alerta: vereadores que faltarem a quatro sessões consecutivas sem justificativa ou licença formal podem ter o mandato cassado automaticamente. Caso as ausências continuem, os dois parlamentares investigados podem se enquadrar nessa regra, e a sessão do dia 15 seria decisiva nesse contexto.

Ciente dessa possibilidade, Guila teria atuado de forma preventiva para blindar os aliados, impedindo que a Câmara deliberasse sobre qualquer questão que envolvesse a contagem de faltas ou movimentações legais contra Pastinha e Sil Xukuru. O telefonema do presidente para cada vereador teve efeito imediato. A maioria atendeu ao chamado — ou melhor, à exigência — e simplesmente não apareceu. Sem o número mínimo de parlamentares presentes, a sessão não foi aberta, frustrando qualquer tentativa de avanço nas pautas previstas. Nos bastidores, a atitude foi interpretada por muitos como uma manobra política para proteger a base aliada e adiar, mais uma vez, o enfrentamento das denúncias que pairam sobre o poder público local.

A Câmara de Pesqueira, que já vinha sendo alvo de críticas por sua suposta subordinação ao Poder Executivo, ganha agora mais um capítulo de descrédito. A sessão esvaziada por força de articulação política revela um cenário em que interesses pessoais e acordos de bastidor têm se sobreposto às obrigações institucionais dos vereadores. O nome da Casa Legislativa — Anísio Galvão — tem sido repetidamente citado por críticos como uma extensão simbólica da prefeitura, e a atuação do presidente Guila reforça essa imagem, alimentando a percepção de que o legislativo municipal funciona, na prática, como uma sucursal administrativa do governo. A população, por sua vez, segue acompanhando, à distância, uma política marcada por articulações silenciosas, agendas travadas e ausência de enfrentamento real aos problemas estruturais da cidade.

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