O prefeito de Araripina, Evilásio Mateus (PDT), tem reiterado publicamente sua apreensão com o agravamento da crise financeira que atinge os municípios brasileiros, especialmente após sucessivas quedas nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Para o gestor, a redução dos recursos tem imposto sérias limitações à administração pública local, dificultando a manutenção de serviços básicos essenciais para a população, como saúde, educação e infraestrutura. Evilásio observa que os prefeitos estão cada vez mais pressionados a fazer ajustes dolorosos, diante de um cenário que ele considera inédito em termos de gravidade. “Os arrochos estão cada dia maiores. Quem assiste televisão vê que faz muito tempo que a inflação do Brasil não estava tão alta. O momento atual da economia e do mundo não é mais o mesmo de anos atrás”, afirmou, apontando para um contexto macroeconômico desfavorável, que afeta diretamente a ponta mais frágil da federação — os municípios.
Ao mesmo tempo em que enfrenta os efeitos da crise fiscal, o prefeito também tem lidado com outra fonte de tensão: a repercussão da operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Sertão do Araripe, com ações mais intensas na cidade de Araripina. Nas últimas semanas, moradores da região têm expressado desconforto com as abordagens realizadas pela PRF em áreas urbanas, o que tem gerado clima de inquietação e, em alguns casos, protestos. Evilásio reconheceu a importância da presença policial e a necessidade de fiscalização, principalmente devido ao elevado número de acidentes nas rodovias que cortam o município, mas ponderou que a forma como as operações vêm sendo conduzidas tem afetado o dia a dia da população. Ele destacou que a atuação da PRF em regiões centrais e bairros da cidade tem provocado temor entre os cidadãos, mesmo entre aqueles que não possuem qualquer pendência judicial ou irregularidade.
Durante entrevista recente, o prefeito foi enfático ao afirmar que a responsabilidade pela operação é do Governo Federal, através do Ministério da Justiça, e que nem o poder municipal, nem os deputados estaduais ou mesmo o governo do estado têm ingerência sobre as decisões operacionais da PRF. “A polícia existe para dar segurança, mas as pessoas não podem ter medo dela. Essa operação vem do Governo Federal, do Ministério da Justiça, e não depende de governadores, deputados ou prefeitos”, explicou. A fala busca não apenas esclarecer os limites de sua autoridade, mas também defender a autonomia dos entes federativos diante de ações que impactam diretamente a vida nas cidades do interior.
Evilásio também revelou que buscou diálogo com a superintendência da PRF em Brasília para tratar da insatisfação popular, mas se disse frustrado com a resposta obtida. Segundo ele, a comunicação com o comando da corporação foi marcada por um “endurecimento”, o que dificultou a construção de um entendimento mais sensível às realidades locais. O prefeito relatou que o tom da resposta institucional ignorou o apelo emocional que, segundo ele, partia do sofrimento de uma população já pressionada por dificuldades econômicas, desemprego e incertezas. “Quando questionei a superintendência, eles foram duros na resposta. Mas o que representou aquele desespero foi a dor do nosso povo, que já enfrenta tantas dificuldades no dia a dia”, desabafou, visivelmente abalado com o impasse. A declaração escancara o mal-estar que cresce em torno da operação e revela o esforço da liderança local para equilibrar segurança pública com o direito da população de circular e viver sem medo, mesmo em meio a um ambiente institucional rígido e pouco receptivo ao diálogo com gestores do interior.
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