Durante a celebração dos 100 dias à frente da Prefeitura de Camaragibe, o prefeito Diego Cabral (Republicanos) surpreendeu ao adotar uma postura política que rompe com a rigidez partidária e sugere uma reconfiguração das alianças na Região Metropolitana do Recife. Embora filiado a uma sigla que integra a base do prefeito do Recife, João Campos (PSB), o gestor camaragibense aproveitou o evento para sinalizar, com clareza e ênfase, sua disposição de caminhar ao lado da governadora Raquel Lyra (PSD), mirando já as eleições de 2026. A movimentação de Cabral evidencia um reposicionamento estratégico que pode causar impactos diretos nas engrenagens políticas locais e estaduais, sobretudo em um território eleitoral de peso como Camaragibe. Ao discursar diante de lideranças, populares e autoridades, o prefeito não apenas reafirmou compromissos administrativos, como também deixou no ar a possibilidade concreta de engrossar as fileiras do PSD, legenda que abriga a governadora. A aproximação de Cabral com Raquel não é episódica ou retórica: ela se materializa na cooperação entre Estado e município, que vem destravando obras, ampliando serviços e assegurando investimentos estruturadores para a cidade. Prova desse alinhamento institucional e político é a presença do secretário executivo da Casa Civil, Yuri Coriolano, enviado pelo Palácio do Campo das Princesas para representar o governo estadual na data simbólica. A participação de Coriolano reforça que os gestos de Cabral não têm sido ignorados por Raquel Lyra, que, mesmo governando com uma base fragmentada, vem consolidando apoios cirúrgicos em áreas consideradas estratégicas. Em Camaragibe, a governadora tem encontrado uma gestão disposta a colaborar, o que fortalece sua presença na Região Metropolitana, território tradicionalmente associado ao PSB. Cabral, por sua vez, se beneficia da interlocução com o governo estadual ao mostrar entregas concretas à população, como a requalificação de praças, escolas e postos de saúde, além da aquisição de veículos e equipamentos para reforçar a estrutura da administração municipal. Sua fala durante o evento teve um tom de pragmatismo político, ao enfatizar que estará com Raquel “para o que der e vier”, uma declaração que aponta para um alinhamento que vai além de 2024 e já se projeta para 2026. O gesto pode ser interpretado como um recado tanto ao seu partido quanto aos adversários locais, sinalizando que Diego Cabral não pretende ficar à margem dos movimentos mais amplos que moldarão o cenário político estadual. A possível migração para o PSD, ainda que não confirmada oficialmente, é vista por aliados como um passo natural diante da sintonia administrativa e da afinidade política que vem sendo construída com a governadora. Com essa movimentação, Raquel Lyra amplia sua base de apoio e demonstra habilidade para atrair quadros fora de sua alçada partidária tradicional, consolidando seu projeto de poder em um momento em que o xadrez eleitoral começa a ser montado. Em Camaragibe, onde o eleitorado é decisivo e a alternância de poder é frequente, a aliança entre prefeitura e governo estadual pode ser decisiva para reconfigurar forças e influenciar diretamente o resultado das urnas nas próximas disputas.
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