segunda-feira, 28 de abril de 2025

PRESIDENTE ARGENTINO JAVIER MILEI REVELA TER PEDIDO DESCULPAS AO PAPA FRANCISCO POR OFENSAS DO PASSADO

Em um episódio carregado de simbolismo e emoção, o presidente da Argentina, Javier Milei, revelou ter se encontrado pessoalmente com o papa Francisco para pedir desculpas por duras críticas que lhe dirigira no passado. A reunião, segundo relatou Milei em entrevista publicada pelo jornal argentino Clarín, ocorreu em fevereiro de 2024, nos bastidores de uma visita oficial a Roma. Durante o encontro reservado, o presidente argentino, conhecido pelo seu estilo agressivo e opiniões contundentes, admitiu ao pontífice que se excedera em suas declarações públicas, reconhecendo o impacto das palavras que, durante anos, alimentaram uma tensão entre ele e a máxima autoridade da Igreja Católica.

Francisco, de acordo com Milei, acolheu as desculpas de maneira serena e paternal, afirmando que compreendia os ataques como “erros de juventude”, um gesto interpretado como um ato de reconciliação e perdão. Milei, antes de assumir a presidência, havia protagonizado uma série de ataques verbais contra Francisco, chamando-o de “imbecil”, “nefasto” e chegando a descrevê-lo como “o maligno na Terra que ocupa o trono da casa de Deus”, além de acusá-lo de “promover o comunismo”. As declarações geraram ampla indignação em setores religiosos e sociais da Argentina, a ponto de sacerdotes que atuam em vilas pobres organizarem em 2023 uma missa em desagravo ao papa, denunciando as ofensas como atentados à dignidade de Francisco.

O gesto de arrependimento de Milei vem acompanhado de uma mudança de postura mais ampla nas relações institucionais entre a Casa Rosada e o Vaticano, marcadas agora por sinais de distensão. Neste sábado, 26 de abril de 2025, Milei esteve novamente em Roma para participar da cerimônia de despedida de Francisco, falecido recentemente. A missa solene foi realizada na Basílica de São Pedro, atraindo líderes políticos, religiosos e fiéis de diversas partes do mundo. Em clima de pesar e reverência, o corpo do papa foi depois transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, local escolhido para o sepultamento.

A presença de Milei no funeral foi vista como uma demonstração de respeito ao papa argentino que, apesar das diferenças ideológicas e das ofensas que sofreu, manteve com seu país natal uma ligação afetiva e espiritual. Durante toda a cerimônia, Milei manteve uma postura comedida, em silêncio e visivelmente emocionado, evitando declarações públicas. O episódio marca um ponto de inflexão na trajetória política e pessoal do presidente argentino, para quem a relação com Francisco sempre foi um tema sensível e cercado de polêmicas. O reconhecimento de erros e o pedido de desculpas, selados pela resposta generosa do pontífice, representam um raro momento de reconciliação em meio a uma carreira construída, em boa parte, pela retórica agressiva e pela ruptura com instituições tradicionais.

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