sexta-feira, 25 de abril de 2025

PROTAGONISMO POLÍTICO EM PERNAMBUCO SE ACIRRAM COM NOVA FEDERAÇÃO PP-UNIÃO


A consolidação da federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP), marcada para ser oficializada na próxima terça-feira em Brasília, promete provocar uma verdadeira reconfiguração no tabuleiro político de Pernambuco. Em um cenário pré-eleitoral já marcado por articulações intensas e movimentações estratégicas, a junção dessas duas legendas, que possuem figuras com protagonismo estadual e nacional, coloca em evidência um conflito que vai além da formalidade partidária e atinge diretamente o campo das ambições pessoais e das alianças políticas. De um lado está o deputado federal Eduardo da Fonte, líder do PP no estado e aliado de primeira hora da governadora Raquel Lyra. Do outro, Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e atual presidente estadual do União Brasil, que vem construindo sua imagem política ao lado do prefeito do Recife, João Campos, provável adversário de Raquel na eleição para o governo estadual em 2026.

A disputa velada entre os dois pela vaga ao Senado é apenas a face mais visível de um impasse que se desenha no interior da federação. Informações de bastidores apontam que Eduardo da Fonte deverá comandar a nova estrutura no estado, o que altera substancialmente a correlação de forças e representa um duro golpe no projeto de Miguel dentro do União Brasil. Apesar de recentemente ter assumido o controle do partido em Pernambuco, Miguel vê agora seu espaço reduzido, já que o comando político da federação ficará nas mãos do aliado de sua adversária. Essa mudança tem o potencial de limitar suas possibilidades de viabilizar a candidatura ao Senado pela legenda que ele próprio lidera formalmente. Da Fonte, por sua vez, ganha terreno e musculatura política ao assumir o protagonismo de uma estrutura partidária mais robusta, com capilaridade nacional e poder de negociação mais amplo para as composições que se desenham para 2026.

Embora as tensões estejam nos bastidores, os sinais públicos já começaram a aparecer. Miguel Coelho confirmou presença na cerimônia de oficialização da federação em Brasília, afirmando entusiasmo com a união das siglas e defendendo o fortalecimento da base para o próximo ciclo eleitoral. Seu discurso institucional, no entanto, contrasta com a leitura feita por seus aliados mais próximos, que enxergam na condução da federação por Eduardo da Fonte uma clara limitação ao seu protagonismo dentro do novo arranjo. A expectativa é que, nas próximas semanas, os desdobramentos dessa aliança forçada comecem a se manifestar de forma mais clara nas decisões partidárias e nas movimentações eleitorais em curso. Se Miguel buscará outro espaço para manter sua viabilidade eleitoral ou se irá negociar internamente algum tipo de compensação política, ainda é uma incógnita. O certo é que o jogo está em aberto e a federação que nasce com a promessa de fortalecimento pode também ser o início de um embate silencioso, porém determinante, na disputa pelo futuro político de Pernambuco.

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