sábado, 19 de abril de 2025

PSD MOSTRA FORÇA NACIONAL AO MESMO TEMPO QUE ESFACELA O PSDB

A movimentação silenciosa, porém decisiva, de Gilberto Kassab à frente do PSD tem redesenhado com velocidade o mapa político nacional, especialmente entre os governadores de perfil mais moderado e de centro-direita. Depois de protagonizar uma jogada considerada surpreendente nos bastidores políticos ao atrair a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, retirando-a dos quadros do PSDB, Kassab prepara mais um lance de impacto ao anunciar a filiação de Eduardo Leite, atual governador do Rio Grande do Sul. A informação foi divulgada pela colunista Ana Flor, do G1, e a data da troca de legenda já está definida: 6 de maio. O movimento é mais um capítulo do processo de esvaziamento do PSDB, partido tradicional que vem sofrendo com perdas consecutivas de quadros estratégicos e líderes nacionais.

Leite, que esteve cotado para ser candidato à Presidência da República em 2022, encerra uma longa trajetória no ninho tucano, partido ao qual foi filiado desde a juventude e pelo qual chegou a comandar o estado sulista por dois mandatos. Embora o MDB também tenha tentado negociar sua filiação, a costura feita por lideranças do PSD no Rio Grande do Sul, aliada ao crescente poder municipal do partido, foi determinante para sua decisão. O PSD elegeu, em 2024, o maior número de prefeitos entre todas as legendas, um trunfo decisivo em tempos de reorganização partidária e preparação para o embate eleitoral de 2026. Com Eduardo Leite a bordo, Kassab reforça a base de governadores de sua legenda e ainda dá um passo firme no projeto de tornar o partido uma das maiores forças políticas do país nos próximos anos.

Eduardo Leite, ao que tudo indica, não pretende disputar novamente o governo estadual. Com a mudança para o PSD, o foco passa a ser o Senado Federal, numa articulação que poderá colocá-lo entre os principais quadros do partido em Brasília. Paralelamente, o PSD já trabalha na construção da candidatura presidencial de Ratinho Júnior, atual governador do Paraná, nome que agrada ao centro político e ao empresariado e que vem sendo preparado para enfrentar a polarização esperada nas eleições de 2026. Enquanto isso, entre os governadores do PSDB, apenas Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, segue mantendo a fidelidade partidária, o que o transforma em uma rara exceção num partido que parece assistir, impotente, à saída em massa de suas principais lideranças regionais.

A ofensiva do PSD tem como pano de fundo uma estratégia clara: consolidar-se como um partido pragmático, sem amarras ideológicas rígidas, mas com musculatura eleitoral suficiente para influenciar os rumos do Congresso e viabilizar um projeto nacional competitivo. Kassab, que já foi ministro, prefeito de São Paulo e articulador de diversos governos, aposta no fortalecimento de nomes com densidade eleitoral e capacidade de diálogo. A adesão de Eduardo Leite à legenda é, nesse sentido, simbólica. Representa a transição de um projeto político pessoal calcado em um partido tradicional e combalido para uma sigla em plena ascensão, disposta a conquistar espaço tanto nos estados quanto no tabuleiro federal.

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