Fred é um nome técnico com forte trânsito entre empresas de telecomunicações e experiência acumulada em mais de duas décadas no setor, além de ter sido, nos últimos dois anos, o responsável por reestruturar e modernizar a Telebras. Ao assumir a presidência da estatal em maio de 2023, deu início a um processo de revitalização da companhia, renovando a parceria com o Ministério das Comunicações para manter o programa Gesac – Governo Eletrônico, Serviço de Atendimento ao Cidadão. A renovação, que esteve ameaçada por questões políticas e técnicas, foi viabilizada diretamente por sua capacidade de negociação e articulação dentro do governo federal. Foi também sob sua liderança que a Telebras passou a negociar diretamente com empresas privadas do setor de satélites, ampliando a oferta de conectividade em regiões remotas e possibilitando a participação da estatal no programa federal “Aprender Conectado”, voltado à instalação de internet em escolas públicas de todo o país.
Embora esse projeto ainda enfrente resistência de grandes operadoras móveis, que pressionam contra a atuação direta da Telebras, a chegada de Siqueira Filho ao ministério pode mudar a correlação de forças e destravar contratos represados. Essa nova configuração é vista internamente como estratégica para acelerar a implantação de políticas públicas voltadas à inclusão digital e ao uso de tecnologia em áreas sociais, sobretudo na educação e na saúde. Outro movimento que ganhou fôlego sob sua gestão foi o planejamento para que a Telebras deixe, até o final deste ano, a condição de empresa dependente do Tesouro Nacional – rótulo herdado da gestão Bolsonaro que dificultou investimentos e comprometeu a expansão da rede própria da companhia. Com autonomia orçamentária, a estatal poderá operar com mais liberdade e protagonismo em projetos estruturantes do setor.
Apesar de ser natural de Pernambuco, o novo ministro tem raízes políticas e trajetória consolidada na Paraíba, onde reside atualmente e onde construiu boa parte de seu prestígio profissional. Sua carreira começou ainda nos anos 1990 e ganhou corpo ao longo de 21 anos na operadora Oi, onde ocupou postos-chave nas áreas de operações, planejamento, comercial, regulação e relações institucionais. Em 2002, foi nomeado gerente de Vendas Empresariais da companhia para os estados de Pernambuco, Paraíba e Bahia e, posteriormente, promovido a diretor nacional de Relações Institucionais, cargo que manteve por uma década, atuando diretamente em negociações com governos e agências reguladoras. Antes de assumir a presidência da Telebras, Fred chefiava a área de vendas corporativas para governos nas regiões Norte e Nordeste, pela Oi Soluções, experiência que o credenciou para atuar em grandes projetos públicos de conectividade.
Sua nomeação chega em um momento delicado para o setor de telecomunicações, que vive o desafio de implementar redes de 5G, enfrentar gargalos regulatórios e combater a desinformação online em larga escala. A expectativa entre técnicos e aliados do governo é de que o novo titular da pasta consiga imprimir uma gestão mais técnica e resolutiva, com foco no avanço de políticas públicas e na retomada do protagonismo institucional do ministério, após meses de crise política e indefinição dentro da base aliada.
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