As movimentações políticas nos bastidores de Pernambuco seguem a pleno vapor, e um dos cenários que mais vem chamando atenção é a aproximação, até pouco tempo improvável, entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade). Em meio às articulações para as eleições de 2026, esse possível entendimento ganha força e pode mudar profundamente os rumos da política estadual. A reaproximação está sendo construída de forma cuidadosa por figuras de peso que já transitaram ou transitam entre os dois campos políticos: o ministro da Pesca, André de Paula, o ex-deputado federal Sebastião Oliveira e o ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia. Todos, aliás, estiveram na linha de frente da campanha de Marília ao Governo do Estado em 2022 e hoje são aliados leais do Palácio do Campo das Princesas. O trio tem atuado como elo entre a governadora e a ex-adversária, abrindo caminho para um possível entendimento com vistas ao futuro. O pano de fundo da articulação é a eleição estadual de 2026, na qual Raquel buscará a reeleição, e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), surge como um nome natural para a disputa ao Governo, o que cria uma questão delicada dentro da Frente Popular, já que Marília, sendo prima de João, ficaria automaticamente inviabilizada de compor a chapa majoritária por conta do vínculo familiar.
Diante disso, Marília Arraes surge como uma peça estratégica para Raquel Lyra, que, mirando o fortalecimento da sua base e a consolidação de uma chapa ampla, avalia alternativas que vão além do PSDB e dos partidos que a sustentam atualmente. Marília, que possui recall eleitoral forte em todo o estado, poderia integrar essa aliança como candidata ao Senado Federal, abrindo espaço para uma composição que misture força popular e articulação institucional. Outra possibilidade que corre nos bastidores é a de Marília ocupar a vaga de vice-governadora, o que deslocaria a atual vice, Priscila Krause, para uma candidatura à Câmara dos Deputados ou até mesmo ao Senado. Priscila, reconhecida como uma das mais fiéis defensoras da atual gestão, não teria dificuldade em se reposicionar no cenário eleitoral, o que facilitaria uma reengenharia política em torno da reeleição de Raquel.
As conversas ainda são extraoficiais, mas fontes próximas aos articuladores confirmam que há, de fato, encontros e diálogos sendo realizados de forma discreta, evitando o desgaste político precoce. Para Raquel Lyra, que precisa ampliar sua base política para enfrentar uma disputa com o PSB em 2026, trazer Marília para o seu campo significaria não apenas um gesto de força, mas também uma sinalização de capacidade de diálogo e superação de barreiras políticas e pessoais. Marília, por sua vez, ao ser preterida na Frente Popular devido ao parentesco com João Campos, encontra nesse movimento uma oportunidade de manter-se no centro da cena política estadual com chances reais de vitória. Embora em lados opostos no segundo turno de 2022, Raquel e Marília mantêm trajetórias que se cruzam no campo das lideranças femininas com base popular, o que facilita um eventual entendimento futuro. Os próximos meses serão decisivos para saber se o flerte se transforma em aliança ou se tudo não passou de uma estratégia de aproximação entre adversários que sabem o valor da convergência em tempos eleitorais. É isso ai!
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