A aguardada fusão entre PSDB e Podemos deverá ser oficializada no próximo dia 5 de junho, consolidando um movimento de reconfiguração no tabuleiro político nacional. A união entre as duas legendas se apresenta como uma estratégia de sobrevivência, sobretudo diante do desafio de garantir a formação de bancadas federais expressivas nas eleições de 2026 e 2028. Sem musculatura isolada, ambas as siglas estariam fadadas à irrelevância no atual sistema político, pressionadas pela cláusula de barreira e pela disputa acirrada por espaço nos legislativos. O novo partido, que será inicialmente batizado de PSDB+Podemos, adotará o número 20, sinalizando uma tentativa de agregar forças e manter alguma identidade partidária reconhecível junto ao eleitorado.
Em Pernambuco, o processo de fusão está longe de ser pacífico. A disputa pelo comando da legenda unificada opõe o deputado estadual Álvaro Porto, presidente do PSDB no estado, e o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, que comanda o Podemos local. Porto tem se movimentado com confiança, apostando que sairá vitorioso na disputa interna e já articula nos bastidores a montagem de chapas para deputado estadual e federal. Uma das principais apostas do parlamentar é o filho Gabriel Porto, que deverá disputar uma vaga na Câmara Federal com apoio da nova estrutura partidária, caso Álvaro consolide seu domínio sobre a sigla.
Enquanto isso, movimentações discretas nos bastidores indicam que figuras de peso da política pernambucana estão sendo sondadas ou mesmo negociam discretamente a migração para o novo partido. Dois nomes que têm circulado com frequência nas especulações são os deputados federais Luciano Bivar (União Brasil) e Fernando Rodolfo (PL). A saída de Bivar do União já é considerada certa por aliados próximos, e ele teria iniciado conversas para assumir o comando do PRD em Pernambuco. No entanto, o tamanho reduzido da legenda pode dificultar seus planos de reeleição, o que teria reacendido o interesse pela possível adesão ao PSDB+Podemos, onde encontraria maior estrutura e visibilidade.
No caso de Fernando Rodolfo, a permanência no PL também começa a ser vista como problemática. Apesar de ter conquistado espaço junto ao eleitorado do Agreste, sua relação com a direção estadual do partido não é das mais sólidas, o que o deixaria vulnerável num cenário de disputa interna por espaços nas chapas proporcionais. A fusão entre PSDB e Podemos, portanto, poderá funcionar como um polo de atração para nomes que buscam abrigo partidário diante das incertezas provocadas pela dinâmica de federações, cláusulas de desempenho e o novo desenho da política nacional.
As direções nacionais das duas legendas articulam não apenas a junção formal, mas também uma reorganização dos comandos estaduais e municipais, que será anunciada após a formalização da fusão. Em Pernambuco, esse rearranjo pode alterar significativamente a correlação de forças na política local, influenciando desde a composição das chapas proporcionais até as articulações para a eleição majoritária de 2026. Com a possibilidade de uma futura federação envolvendo outros partidos, o novo PSDB+Podemos poderá servir de eixo de coalizões que busquem disputar espaço com as grandes legendas dominantes, como PT, PL e União Brasil. Enquanto isso, figuras como Álvaro Porto já se posicionam para assumir protagonismo nesse novo ciclo político que se desenha.
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