Durante sua passagem por Pernambuco nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se prepara para anunciar novos investimentos na transposição do Rio São Francisco, mas o gesto foi recebido com ironia e duras críticas por parte do presidente estadual do PL, Anderson Ferreira. O ex-prefeito do Jaboatão dos Guararapes e um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no estado questionou o timing da visita e o real compromisso do atual governo federal com a obra hídrica que há anos mobiliza expectativas no Nordeste. Para Anderson, a chegada de Lula ao estado, após quase dois anos e meio de mandato, evidencia um descaso com o andamento das ações estruturantes que já haviam avançado significativamente na gestão anterior.
Segundo Ferreira, foi o governo Bolsonaro quem deu atenção concreta à transposição, viabilizando o avanço físico da obra e praticamente concluindo os principais trechos. No entanto, ele ressalta que o mais grave problema permanece: a ausência de transformação econômica nas regiões onde a água chegou. “A verdadeira discussão que eu cobro é: por que a água que chegou não transformou economicamente as regiões?”, indagou. Na avaliação do líder liberal, faltou um plano estratégico para que a chegada da água fosse acompanhada de incentivos à produção, ao empreendedorismo e ao desenvolvimento local.
Anderson também fez críticas ao que chamou de omissão no uso dos recursos públicos e alertou para o risco de repetição de práticas antigas associadas a gestões petistas. “Dessa vez, espero que os recursos cheguem e sejam bem usados, e não cercados de denúncias de desvios e irregularidades, como no passado petista”, afirmou, numa referência a escândalos anteriores que marcaram os governos do PT. O dirigente do PL disse que não basta inaugurar obras ou fazer discursos grandiosos se não houver impacto direto na vida da população. Para ele, o povo do semiárido ainda convive com dificuldades que poderiam ter sido atenuadas caso houvesse continuidade responsável nas políticas públicas estruturadas a partir da entrega das águas.
A crítica também se estendeu ao ambiente político em torno da visita presidencial. Em tom provocativo, Anderson ironizou o entusiasmo de aliados locais e nacionais com a vinda de Lula, afirmando que observa uma movimentação exagerada de apoio ao presidente num momento em que, segundo ele, o governo não apresenta resultados efetivos. “Quero ver amanhã quem vai carregar esse caixão”, disse, em alusão à possível impopularidade da gestão petista no futuro e à dificuldade de seus apoiadores em manter o discurso diante da ausência de ações concretas. A fala reforça o tom oposicionista adotado por Ferreira, que tem atuado como porta-voz do bolsonarismo em Pernambuco e pretende ampliar a presença da direita nas eleições municipais deste ano.
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