domingo, 4 de maio de 2025

AVALIAÇÃO DO SAEPE EXPÕE CRISE EDUCACIONAL EM SERRA TALHADA

O resultado do Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe) referente ao ano de 2024 acendeu um alerta silencioso entre os educadores de Serra Talhada. Sem fazer alarde, o governo da prefeita Márcia Conrado evitou destacar o desempenho do município, que sofreu uma queda significativa nos indicadores de aprendizagem. No entanto, entre profissionais da educação e gestores escolares, a preocupação é crescente, especialmente diante da movimentação positiva de cidades vizinhas, como Calumbi e Triunfo, que comemoraram avanços e ultrapassaram Serra Talhada, tradicionalmente considerada uma referência regional pelo porte e pela rede educacional estruturada. O Saepe, que avalia anualmente os estudantes dos segundos, quintos e nonos anos do ensino fundamental, trouxe números que mostram um retrocesso no desempenho dos alunos serra-talhadenses, especialmente nas turmas de alfabetização.

De acordo com uma educadora da rede municipal, que prefere manter o anonimato, o impacto foi mais sentido no segundo ano do ensino fundamental, etapa crucial para a consolidação da alfabetização. A queda foi acentuada nas provas de Matemática, sinalizando fragilidades no processo de ensino da disciplina logo nos primeiros anos escolares. Em Língua Portuguesa, onde o município havia registrado avanços em avaliações anteriores, a estagnação foi evidente, frustrando a expectativa de continuidade no crescimento. Nos quintos e nonos anos, segmentos que já apresentavam índices preocupantes em anos anteriores, os resultados também ficaram aquém do esperado, sem qualquer progresso significativo. O sentimento entre os educadores é de que Serra Talhada perdeu fôlego na disputa pela liderança entre os municípios do Sertão do Pajeú, especialmente porque cidades menores conseguiram avançar mais rapidamente.

Embora o governo estadual não tenha divulgado um ranking detalhado comparando o desempenho entre cidades de diferentes portes, fontes da própria rede apontam que a distância entre Serra Talhada e municípios menores vem diminuindo, e não por mérito exclusivo dos pequenos, mas também pela perda de desempenho da cidade polo. A avaliação do Saepe é considerada um termômetro essencial para medir a qualidade da educação pública no estado e orienta políticas públicas e repasses de recursos, o que torna ainda mais sensível a situação de Serra Talhada neste momento. A ausência de uma divulgação mais ampla por parte da gestão municipal é vista por alguns como uma estratégia para evitar desgaste político, especialmente num ano pré-eleitoral. Educadores ouvidos pela reportagem relatam preocupação com a falta de ações estruturantes para reverter o quadro e temem que a estagnação se prolongue se não houver uma intervenção urgente na política educacional local.

A rede municipal de Serra Talhada, que atende milhares de alunos, agora se vê diante do desafio de reconquistar os avanços perdidos, num cenário onde a competitividade entre municípios do Pajeú se torna cada vez mais acirrada. Nos bastidores, diretores escolares e professores já discutem a necessidade de um reforço imediato na formação docente e na implementação de programas de apoio à aprendizagem, especialmente voltados para os anos iniciais, que são a base para o sucesso educacional nas etapas seguintes. A crise silenciosa revelada pelos números do Saepe pode ser apenas o prenúncio de problemas maiores, caso as medidas corretivas não sejam tomadas com a urgência que a situação exige. A cidade, conhecida como a capital do xaxado, agora enfrenta um novo desafio: recuperar a confiança em sua capacidade de oferecer uma educação pública de qualidade para suas crianças e adolescentes. O retrato traçado pelas avaliações do Saepe coloca Serra Talhada numa encruzilhada, exigindo uma resposta firme e coordenada entre governo, escolas e sociedade.

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