sexta-feira, 16 de maio de 2025

BEBEDEIRA, CIÚME E CHACINA, EXECUTOR DA BARBÁRIE É PRESO

Chacina em Estrela de Alagoas: “Cicinho” é preso após executar cinco pessoas por ciúmes da companheira
Um crime brutal e que chocou o estado de Alagoas teve desfecho parcial na manhã desta sexta-feira (16), com a prisão de Cícero Rodrigues da Silva, conhecido como “Cicinho”. Ele é apontado como o responsável pela chacina que deixou cinco mortos no povoado Lagoa dos Porcos, zona rural do município de Estrela de Alagoas, na tarde de quinta-feira (15). De acordo com a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a motivação do crime seria um ataque de ciúmes doentios de sua companheira.

A prisão de Cicinho ocorreu nas imediações do município vizinho de Palmeira dos Índios, também no Agreste alagoano. A localização do acusado foi possível graças a uma denúncia anônima recebida pelo Disque Denúncia 181. Policiais militares montaram uma operação rápida e conseguiram capturar o foragido, que não ofereceu resistência no momento da abordagem. Ele foi encaminhado ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) de Palmeira dos Índios, onde permanece custodiado e à disposição da Justiça.

O massacre
A chacina aconteceu no final da tarde de quinta-feira (15), dentro de uma casa simples, localizada no povoado Lagoa dos Porcos. As vítimas estavam reunidas desde a noite da quarta-feira (14), consumindo bebidas alcoólicas, segundo informações levantadas pela Polícia Civil. Dentro do imóvel, havia garrafas espalhadas e restos de comida, o que indicava uma confraternização informal.

Em meio a esse cenário, Cicinho teria chegado repentinamente, armado, e deu início a uma sequência de disparos contra todos que estavam presentes. Ele confessou o crime ao delegado responsável pelo caso, afirmando que agiu por impulso, tomado pelo ciúmes da companheira, que estaria no local bebendo junto com as vítimas. “Ele disse que viu a companheira lá, com os outros homens, e ficou com raiva. Tomou uma ou duas doses, mas alegou que não estava bêbado. A gente acredita que ele estava sim alterado, talvez até em surto, movido pela obsessão”, revelou o delegado.

As vítimas da tragédia
Cinco pessoas foram brutalmente assassinadas e morreram ainda no local. Os corpos ficaram espalhados pela casa — alguns sobre o sofá, outros nas camas e até no chão da cozinha. As vítimas foram identificadas como:

José Rodrigues Machado Filho, de 73 anos – aposentado e conhecido na comunidade por ser um homem pacato e generoso, que costumava receber os vizinhos em casa para conversas e confraternizações.
Lice Souza da Silva, de 53 anos – trabalhava como agricultor e era amigo antigo de José Rodrigues. Estava presente no local desde a noite anterior.
Maria Elizete do Carmo, de 56 anos – companheira de Cicinho, segundo os vizinhos. Ela era o principal alvo do ciúmes do acusado.
João José da Silva, de 56 anos – também agricultor e frequentador assíduo das reuniões na casa de José Rodrigues.
José Carlos da Silva, de 53 anos – morava na mesma região e era parente de uma das vítimas.

Outras três pessoas que estavam na casa conseguiram escapar do massacre e foram ouvidas pela polícia. Elas relataram momentos de puro terror e disseram que Cicinho chegou armado e não disse praticamente nada antes de começar a atirar. “Foi tudo muito rápido. Ele entrou com o revólver e foi atirando. Só dava pra correr e se esconder”, contou uma das sobreviventes, ainda em estado de choque.

Ciúme doentio e frieza

O delegado relatou que, em seu depoimento, Cicinho demonstrou certo arrependimento, mas ainda assim tentou justificar sua ação como resultado de “muita raiva e decepção”. “Ele disse que não planejou, mas que não aguentava mais ver a mulher bebendo com outros homens. Achava que estava sendo traído, mesmo sem nenhuma prova. Estava cego pela obsessão”, afirmou o policial.

Segundo a SSP, o histórico do acusado inclui episódios de agressividade, e ele já teria sido denunciado anteriormente por violência doméstica. A companheira, Maria Elizete, chegou a procurar apoio da família por causa do comportamento possessivo do companheiro, mas não formalizou queixas.

Clima de luto na comunidade

A pequena comunidade de Lagoa dos Porcos amanheceu em estado de comoção. O velório das vítimas está sendo organizado com apoio da prefeitura de Estrela de Alagoas, que declarou luto oficial de três dias. Muitos moradores se dizem revoltados com a tragédia. “Nunca a gente viu isso por aqui. Foi uma barbaridade, uma covardia. Ele matou gente inocente por causa de ciúme”, disse uma moradora.

Investigação segue
A Polícia Civil segue apurando detalhes sobre a chacina. Perícias foram realizadas no local do crime e na arma apreendida. Cicinho deve responder por cinco homicídios qualificados e por tentativa de homicídio, já que três pessoas escaparam da execução.

O delegado informou que novas diligências serão feitas para esclarecer se alguém ajudou o autor da chacina a fugir logo após o crime. “A gente vai investigar a fundo. Um crime dessa gravidade não pode ficar com nenhuma ponta solta. Foi uma tragédia, uma perda irreparável para muitas famílias”, concluiu.

Enquanto isso, a comunidade de Estrela de Alagoas tenta lidar com o impacto da violência que rompeu a rotina pacata do interior, deixando um rastro de dor e perguntas sem resposta. A Justiça deverá decidir, nos próximos dias, sobre a prisão preventiva de Cicinho, que pode ser condenado a mais de 100 anos de prisão, somadas as penas pelos crimes cometidos.

Gazeta de Alagoas

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