A crise política envolvendo o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) ganhou um novo capítulo nesta semana, após a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados formalizar um pedido de suspensão cautelar de seu mandato por seis meses. A medida extrema foi desencadeada por declarações feitas pelo parlamentar durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, na qual atacou diretamente a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Assinado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e outros membros da cúpula da Câmara, o documento sustenta que Gilvan violou o decoro parlamentar ao proferir acusações consideradas ofensivas e difamatórias, ultrapassando os limites da liberdade de expressão assegurada aos deputados. Durante a reunião que motivou a ação, o parlamentar capixaba afirmou que Gleisi teria se colocado contra a Polícia Federal na época em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso, criando um ambiente hostil dentro do Congresso. Em um tom mais grave, Gilvan ainda mencionou uma planilha da empreiteira Odebrecht — hoje rebatizada como Novonor — na qual aparecia a alcunha “Amante” atribuída a um político, insinuando que se tratava da atual ministra. Segundo ele, a documentação indicaria um repasse ilícito de R\$ 5 milhões, supostamente recebidos por Gleisi, em um episódio já conhecido da Operação Lava Jato. No entanto, a denúncia foi formalmente rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal em 2023, por falta de provas que justificassem a abertura de processo. O pedido de afastamento de Gilvan agora está sob a análise do Conselho de Ética da Câmara, colegiado responsável por julgar casos que envolvem quebra de decoro e que pode, ao final do processo, confirmar ou rejeitar a suspensão do deputado. O episódio repercutiu nas redes sociais, onde Gleisi Hoffmann manifestou gratidão ao presidente da Câmara e aos líderes partidários que apoiaram a iniciativa da Mesa Diretora, classificando o gesto como um respaldo institucional diante do que considera ataques infundados. No meio político, o caso reacendeu debates sobre os limites do discurso parlamentar, especialmente quando se confundem denúncias já descartadas judicialmente com acusações reiteradas no ambiente legislativo. O desenrolar do processo no Conselho de Ética é aguardado com atenção, tanto pelos aliados do governo quanto pela oposição, que observa de perto o impacto desse embate na correlação de forças dentro da Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário