sexta-feira, 23 de maio de 2025

CHEGOU A HORA DA ONÇA BEBER ÁGUA NO MDB-PE

A disputa pela presidência do MDB de Pernambuco atingiu seu ponto mais tenso com a proximidade da eleição interna marcada para o próximo sábado, na Câmara Municipal do Recife. De um lado, o ex-deputado federal Raul Henry, atual secretário de Relações Institucionais da Prefeitura do Recife, se movimenta com firmeza e demonstra confiança absoluta em sua recondução ao comando estadual do partido. Em entrevista recente à *Folha de Pernambuco*, Henry foi direto: “Estou confiante na vitória”. A declaração, embora sucinta, carrega um recado político direcionado não apenas aos seus adversários internos, mas também aos atores que observam, com atenção, os desdobramentos dessa eleição no xadrez sucessório de 2026.

Do outro lado do tabuleiro está o deputado estadual Jarbas Filho, herdeiro político de Jarbas Vasconcelos e nome que representa um setor mais jovem e moderado do partido. Ele tem percorrido os bastidores do MDB com o discurso de renovação e de abertura para novos arranjos, sem se prender a alinhamentos automáticos com o campo do PSB. Seus aliados sustentam que o deputado já conquistou a maioria dos apoios necessários para vencer o pleito interno, mas o grupo de Raul Henry contesta essa leitura, afirmando que há uma maioria silenciosa disposta a manter a atual liderança. Fontes próximas a Raul dizem que a base construída ao longo da última década, quando ele liderou o partido em momentos difíceis e em meio a divisões nacionais, ainda é sólida e fiel.

A eleição, no entanto, vai muito além de uma disputa entre dois nomes. O que se vê, na prática, é a antecipação do debate sobre o papel que o MDB terá na sucessão estadual em 2026. Raul Henry, hoje um dos principais articuladores da gestão de João Campos (PSB), defende abertamente que o partido caminhe ao lado do prefeito do Recife, que deverá disputar o Governo de Pernambuco. Trata-se de uma aliança construída na prática, com troca de apoios, nomeações e sintonia administrativa. A vitória de Raul, portanto, seria interpretada como um endosso do MDB à pré-candidatura de Campos.

Em contraposição, Jarbas Filho tem mantido diálogo próximo com o senador Fernando Dueire, que também se posiciona a favor de uma postura mais aberta do partido. Eles avaliam que o MDB deve manter autonomia e ouvir tanto o PSB quanto o PSDB de Raquel Lyra antes de tomar qualquer decisão. Embora a governadora não se envolva diretamente na disputa interna, é notório que uma eventual vitória de Jarbas Filho fortaleceria sua base, sinalizando uma reaproximação da legenda com o Palácio do Campo das Princesas. Assim, mesmo que não esteja oficialmente declarado, o resultado da eleição deste sábado será celebrado com entusiasmo por um desses dois polos de poder.

Nos bastidores, a tensão é perceptível. Há relatos de ligações intensas, encontros reservados e até mudanças de posição de delegados com direito a voto. Alguns prefeitos e ex-candidatos têm sido procurados por ambos os grupos com apelos diretos, promessas de espaço na direção partidária e projeções para 2026. A Câmara do Recife será o palco final dessa disputa que promete não apenas reconfigurar o MDB, mas influenciar diretamente os rumos da política estadual. A frase dita nos bastidores resume bem o momento: “João Campos vai comemorar se Raul vencer; Raquel Lyra vai comemorar se Jarbas Filho ganhar”. A contagem regressiva já começou, e o sábado promete ser decisivo para os rumos do partido e, indiretamente, para a própria política de Pernambuco.

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